A oração, promovida pelo Cabido da catedral de Faro em cada domingo do presente tempo da Quaresma, ficou marcada anteontem pelos testemunhos dos membros do movimento de espiritualidade conjugal das Equipas de Nossa Senhora (ENS) que a orientaram e do movimento de formação espiritual das Equipas de Jovens de Nossa Senhora (EJNS).

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

De todos eles, emergiu a valorização que a pertença àqueles movimentos proporciona no que respeita ao acompanhamento mútuo para o desenvolvimento da fé e para ultrapassar dificuldades comuns.

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“Sentimos que a nossa equipa é o nosso porto seguro, onde podemos partilhar as nossas preocupações, tristezas, alegrias, dúvidas e transforma cada tempestade da nossa vida em bonança e nos ajuda a caminhar com confiança, levando na nossa «mochila» os nossos valores humanos e cristãos mais preciosos da fé, amor, respeito, honestidade e atitude disponibilidade e serviço aos outros”, afirmaram Fátima e Sesinando Louro, que fazem parte da Equipa Faro 5 que já reúne há mais de 25 anos e tem como conselheiro espiritual o cónego Manuel Rodrigues.

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Aquele casal, que também é responsável por orientar duas equipas em Loulé, lembrou que “a caminhada nas ENS requer compromisso e empenho para que os casais sejam mais felizes”. “É verdadeiramente isso que o movimento pretende: tornar-nos a todos mais felizes. Isso, tal como tudo na vida, requer esforço, daí os pontos concretos de esforço propostos que são a oração conjugal e familiar, a escuta da palavra, a regra de vida, o dever de sentar e o retiro anual”, explicaram na oração na Sé de Faro, acrescentando que na reunião mensal da equipa fazem “a partilha precisamente sobre a evolução destes pontos concretos de esforço” e ajudam-se uns aos outros nessa caminhada, “fazendo também oração, meditação e reflexão sobre os temas propostos que são sempre muito atuais e ricos em conteúdos”.

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Maria e Pedro Preto, da Equipa Faro 9 que reúne há aproximadamente 4 anos e que tem como conselheiro espiritual o cónego Rui Barros Guerreiro, contaram que as ENS lhes mostraram “uma maneira diferente” de praticarem a sua fé. “Começámos a conversar muito e a pôr em comum todos os nossos problemas do nosso dia a dia; a poder partilhar vários momentos de dificuldade, a aprender a ultrapassá-los”, explicaram.

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Já Alice Pinheiro de Melo, natural de Faro, mas estudante em Lisboa, destacou que o todo o desenvolvimento da sua fé “foi acompanhado nas EJNS” em Cascais. “As EJNS são alegria partilhada entre todos que nos ajuda a chegar a Deus”, sustentou aquela jovem que descobriu o movimento através das primas. Oriunda da paróquia da Sé de Faro, Alice foi recentemente convidada para integrar o Secretariado de Expansão Centro e Sul do movimento como responsável no Algarve. “As EJNS querem estar no Algarve”, garantiu.

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O deão do Cabido catedralício, que presidiu à oração, considerou que Deus falou aos presentes através das partilhas escutadas, “quer pelo seu testemunho de vida dito com palavras, quer pela sua vida familiar contemplada pelos olhos e escutada pelos ouvidos”.

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O cónego Mário de Sousa considerou aquelas famílias “um presente que Deus concede” à Igreja algarvia, pela “coerência” da sua vida, por se manterem “fiéis apesar das dificuldades que ela traz” e por mostrarem que “é assim que se vive o Evangelho, não nas grandes coisas porque a vida não é feita delas, mas nas pequeninas”.

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O sacerdote alertou que “um amor que ficasse fechado apenas entre marido e mulher seria um amor que se tornaria egoísmo”. “O amor, por natureza, tem sempre de extravasar. Por isso, os filhos são o sinal mais bonito desta comunhão de vida e desta unidade de histórias, de projetos e de sonhos e horizontes que é o casamento. Um filho já não é ele nem é ela, mas é resultado da união profunda em todos os sentidos do marido e da mulher”, afirmou, advertindo que “os filhos não são propriedade dos pais”.

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“Os filhos são dons de Deus entregues aos pais como um tesouro para que os possam construir. Um filho é uma construção que vos foi entregue para que, a partir do amor que sentem dos pais, das dificuldades que também a vida traz, da forma como também elas são encaradas e superadas e como apesar de tudo isso continua a haver o respeito, o carinho e o amor, então também eles se vão construindo como pessoas porque vão bebendo da Palavra de Deus, não apenas daquilo que escutam na catequese ou na liturgia sagrada, mas daquilo que escutam na palavra viva que sentem os pais viver em casa”, acrescentou.

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O cónego Mário de Sousa apontou a “grande diferença entre o amor cristão e um outro tipo qualquer de amor”. “Amar significa não querer fazer do outro um clone para que eu possa amar nele aquilo que me agrada, mas amá-lo apesar das suas dificuldades e mudar aquilo que em mim não está bem para poder fazer com ele verdadeiramente a comunhão, um projeto de vida a dois, um projeto que é único porque abençoado e consagrado pelo Senhor”, distinguiu na oração concelebrada também pelos cónegos Carlos de Aquino, Manuel Rodrigues e Rui Barros Guerreiro que é também o conselheiro espiritual do Setor do Algarve das ENS.

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Na oração quaresmal explicou-se a origem, constituição, metodologia e objetivos das ENS, fundadas em 1938 em Paris pelo padre Henri Caffarell, e das EJNS. Em Portugal, o movimento existe desde 1954 e em dezembro de 2021 era constituído por 1491 equipas.