
A União de Freguesias de Faro UFF editou este mês uma publicação intitulada “Breve História da Cultura em Faro” que “tem como objetivo divulgar a história e o património cultural farense”.
Na apresentação da obra, o presidente da União de Freguesias da cidade escreve o que aquela entidade pretende com a sua publicação. “A União de Freguesias de Faro pretende divulgar entre os farenses o importante contributo da nossa cidade para a cultura algarvia e portuguesa, dando a conhecer a jovens e menos jovens, o património cultural e os artistas, poetas e dinamizadores culturais que, ao longo dos séculos, fizeram de Faro uma cidade de cultura”, realça Bruno Lage.

Na sessão de lançamento da publicação, que teve lugar no passado dia 6 deste mês, no Museu Municipal de Faro, o investigador Jorge Carrega, do Centro de Investigação em Artes e Comunicação, que assina os textos do livro, explicou que o mesmo procura a divulgação histórica e do património cultural entre a população, mas “em particular as gerações mais novas”. “A União de Freguesias desempenha também um papel relevante na sensibilização das novas gerações para as questões do património cultural que é a memória viva, presente e física da nossa história”, lembrou.
“Divulgar a história e a cultura é um bom investimento no futuro e na sensibilização desses fregueses que esperamos, no futuro, ajudem a preservar e a melhorar ainda mais o património significativo desta cidade”, observou, considerando que, “ao longo de 2000 anos, Faro tem sido uma cidade com uma grande importância regional que passa inquestionável e inevitavelmente também pela sua dinamização cultural”.

O investigador considerou que “a grande dificuldade de uma obra destas é precisamente, num pequeno livro, de modo mais ou menos resumido, apresentar de modo acessível para os leitores aquilo que é o essencial”.
Jorge Carrega destacou a referência aos “monumentos notáveis da capital algarvia”, bem como ao “importante património religioso, arquitetura civil e tesouros artísticos” presente nesses monumentos. “As igrejas da cidade de Faro contêm alguns destes tesouros artísticos, em particular ao nível da arte sacra que preenche os altares destas mesmas igrejas”, sustentou, referindo-se também às lendas da cidade como um “património histórico e cultural” que faz parte da sua “identidade” e da sua “memória coletiva”.
“Decidimos igualmente chamar a atenção para alguns grandes episódios da cultura em Faro, começando logo com o Pentateuco e a oficina de Samuel Gacon que deu a Faro essa honra de ser o berço da imprensa em Portugal. Uma tradição que no século XIX veio a ganhar particular expressão e que no século XX assumiu algum esplendor. Podemos dizer que Faro foi a capital algarvia da imprensa nas quase 20 tipografias que chegaram a existir em Faro em pleno século XX e que deram à estampa grandes referências da imprensa local”, prosseguiu.

O historiador disse ainda que “fundamental numa breve história da cultura é frisar a importância que os espetáculos públicos e as salas de teatro e de cinema tiveram”. “Aí, lamentavelmente, Faro tem muito para jogar a mão à consciência porque, com exceção do Teatro Lethes, deixou desaparecer todas as suas salas de espetáculo”, afirmou, considerando que, não contando com as salas mais antigas do início do século XX, “os interesses, por vezes legítimos, por vezes ilegítimos, dos proprietários e também a pressão imobiliária ditaram a destruição do Cinema de Santo António, da explanada São Luís Parque”.
Jorge Carrega referiu que o livro destaca ainda o “papel importante de 10 grandes personalidades da cultura em Faro, todos elas já desaparecidos”.
O investigador terminou, considerando que, “num período em que se trabalha numa candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura, faz mais do que nunca sentido apresentar uma obra destas porque um projeto destes não pode ser dissociado do passado da cidade, do seu património e da sensibilização que a população farense deve ter para as questões da história, da cultura e do seu património, de modo a que se possa criar uma envolvência que acabe por produzir uma dinâmica que ajude esta candidatura”. “Faro só poderá vencer uma candidatura a Capital Europeia da Cultura com a participação, envolvência e dinamismo de todos os farenses, em particular das suas associações culturais”, concluiu.

A publicação de 68 páginas, cuja primeira edição foi de 200 exemplares, inclui para além dos aspetos já mencionados uma abordagem aos museus, bibliotecas e arquivos, aos “grandes episódios” da história da cultura em Faro com referência à biblioteca do Paços Episcopal de Faro, à “ação mecenática” do bispo D. Francisco Gomes do Avelar, às tertúlias no Café Aliança, a “Faro, Capital dos Poetas” e a Faro Capital Nacional da Cultura em 2005. São ainda tratados os espetáculos públicos e o associativismo e a dinamização cultural em Faro.
A obra já teve uma segunda edição de um milhar de exemplares em formato de revista que foi já enviada para as bibliotecas do concelho.