As sondagens postas em prática pelos cientistas do Centro de Investigação Marinha e Ambiental da UALG, em colaboração técnica com a empresa Geolgar, têm como objetivo atravessar na íntegra os depósitos lagunares acumulados durante os últimos 7/8 mil anos sobre a superfície continental alagada.

Financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do projeto SIHER (Processos de Preenchimento Sedimentar e a Evolução Holocénica do Sistema Lagunar da Ria Formosa), o estudo permitirá estabelecer a sequência cronológica dos processos que conduziram à formação da laguna.

Será igualmente reconstruída a evolução ambiental/climática e a história da ocupação do Algarve por comunidades humanas, que acompanharam a formação da Ria Formosa, acrescenta a UALG.

Considerada de elevado valor socioeconómico e ambiental, a Ria Formosa é o mais extenso sistema lagunar português, ocupando quase toda a faixa litoral do Algarve a Leste da Praia do Ancão, ocupando 48 quilómetros de frente costeira e 57 quilómetros de frente lagunar.

O SIHER aborda os processos físicos e geológicos, resultantes das alterações climáticas naturais, durante a transição do último glaciar para interglaciar, às quais se adicionam os efeitos da atividade do homem.

De acordo com a UALG, o atual conhecimento da comunidade científica acerca da magnitude e frequência das alterações climáticas e sobre o nível médio do mar “está ainda bastante limitado aos resultados decorrentes da pesquisa empírica”, baseados nas respostas da linha de costa às alterações climáticas e do nível médio do mar.

“Este estudo, tendo também em conta dados validados em trabalhos anteriores, vai fornecer resultados à comunidade científica, organizações governamentais, agentes económicos e sociedade em geral”, adianta a UALG.

Assim, na sequência da investigação, serão disponibilizados dois pacotes básicos: FORGIS, um pacote cartográfico digital (em plataforma SIG), e FORDID, um pacote educacional e de gestão ambiental e de ordenamento do território, em plataforma multimédia.

Este projeto conta com a participação do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade da Universidade do Porto e tem um financiamento de 100 mil euros, até janeiro de 2014.

Lusa