Encontro reuniu cerca de 500 jovens na igreja matriz de Faro e foi até agora o de maior participação na preparação para a JMJ 2023

O Comité Organizador Local (COL) da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023 em Lisboa tinha convidado as dioceses de todo o país a unirem-se na passada sexta-feira, 24 de fevereiro, na celebração da Via-Sacra como forma de preparação não só para a Quaresma, mas também para aquele encontro com o Papa em agosto deste ano.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Por esse motivo, a edição deste mês dos encontros ‘Rumo ao 23’, de preparação para a JMJ, realizados no dia 23 de cada mês, passou para o dia seguinte e consistiu na mais participada até agora.

Na Diocese do Algarve, meio milhar de jovens, vindos de diversas paróquias, do barlavento ao sotavento, reuniram-se para uma noite de recolhimento e oração e encherem por completo a igreja de São Pedro de Faro. 

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A Via-Sacra teve início com a referência do pároco local às populações atingidas pelo sismo de 6 deste mês na Turquia e na Síria que fizeram mais de 50 mil mortos e àqueles que sofrem com a guerra na Ucrânia, naquele dia em que se completava um ano de conflito armado que, segundo as Nações Unidas, já fez 7.155 civis mortos e 11.662 feridos. O cónego Carlos César Chantre congratulou-se ainda com a resposta dos jovens europeus a um mundo que disse estar conturbado. “Com uma juventude assim afinal a Europa ainda resiste e vocês não vão permitir que a Europa se perca por causa das confusões que o mundo nos está a querer impingir. Esta JMJ vai com certeza ser um abanão para que os outros povos se apercebam que os jovens europeus resistem e resistem bem”, afirmou. 

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Ao longo da celebração, os participantes rezaram por “tantos irmãos e irmãs de hoje, condenados injustamente, perseguidos, humilhados, crucificados até ao fim do mundo”, protagonistas da “história de outras sextas-feiras de paixão” vividas na atualidade. “São aqueles que percorrem de novo na sua própria pele, estas estações que levam ao Calvário”, referiu-se.

“Não nos conformemos nunca com a dor da humilhação de quem connosco se cruza: consolemos, ajudemos, imitemos Cristo”, apelou-se. 

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Os jovens lamentaram as suas “fragilidades”, “medos”, “incertezas”, “talvez pela facilidade de ir com a corrente”, sem ouvirem a voz “libertadora” de Deus, mas assumiram o compromisso de serem suas testemunhas nos vários ambientes que frequentam.

Ao longo da Via-Sacra rezaram ainda pelos bons frutos da JMJ, desde logo o de “saber receber já com oração todos aqueles” que vêm participar nela.

O assistente do Comité Organizador Diocesano (COD) da JMJ voltou ao tema do conflito militar na Ucrânia, lembrando os jovens que “não podem rezar no silêncio, na paz, na tranquilidade, porque a guerra não o permite”. 

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O padre António de Freitas destacou a Via-Sacra como caminho para a Quaresma e para a JMJ. “A Via-Sacra não é derrota, é total confiança no amor do Pai. Nesta caminhada para a JMJ, nós, os jovens do Algarve, temos de crescer nesta confiança no Pai. A Via-Sacra que percorremos é isto, é aprendermos, com Jesus, a confiar no Pai, a aproximarmo-nos dele sempre mais. A Via-Sacra não é caminho de morte, é caminho de vida. Jesus dá a vida dele para que nós tenhamos vida. Que esta Quaresma possa também ser para cada um de nós uma ajuda neste caminho para a JMJ”, afirmou o sacerdote.   

A Via-Sacra consiste em acompanhar espiritualmente o trajeto que Jesus percorreu até à morte, sepultura e ressurreição, com momentos de meditação e oração ao longo de 14 estações.

A Quaresma é um período de 40 dias — excetuando os domingos —, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.