Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) chegaram ontem em ambiente de grande entusiasmo à Escola EB 2,3 João de Deus, em Messines, onde ainda permanecem em exposição.

O professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), que pediu a visita, destaca que a vinda da cruz e do ícone mariano, entregues aos jovens pelo Papa João Paulo II para percorrerem o mundo, veio realçar valores universais como a esperança, a paz, o perdão ou o amor. “Toda a gente procura viver segundo estes valores e estes símbolos são a expressão física daquilo que trabalhamos em EMRC nas aulas, porque estes são os valores da disciplina”, afirmou ao Folha do Domingo o professor Adriano Batista, acrescentando ser também “uma forma de os miúdos poderem expressar e mostrar aquilo que vão adquirindo com a diversidade de conteúdos que a disciplina oferece”.

“Para estarmos matriculados em EMRC, para recebermos os símbolos na escola não temos necessariamente de ter fé ou, sobretudo, ser cristãos. Mas devemos ter uma atitude pelo menos de interrogação e de nos questionarmos acerca do sentido da vida, daquilo que está a ser a minha vida e daquilo que quero fazer com ela”, referiu na cerimónia de receção.

Ao Folha do Domingo, o docente explicou ter “muitos alunos que não professam qualquer fé” e outros “até de outras religiões”. “Envolveram-se com o mesmo compromisso nisto porque o meu cuidado foi sempre explicar que não estamos aqui a trabalhar para eles fazerem uma caminhada de fé, mas para transmitir valores daquilo que é uma cultura religiosa”, desenvolveu, lembrando que a sociedade portuguesa assenta sobre valores judaico-cristãos, quer se seja crente ou não, e que a direção do agrupamento acolheu a vinda dos símbolos com “total abertura, entusiasmo e alegria”.
“Não é de todo o meu objetivo estar a catequizar ninguém, nem é para isso que os símbolos vieram à escola. Vieram porque este é um momento histórico que o nosso país está a viver com a preparação desta JMJ, independentemente de as pessoas acreditarem ou não”, prosseguiu, referindo-se à JMJ 2023 que irá realizar-se em Lisboa.
Adriano Batista acrescenta que trabalhou durante 15 dias com os alunos a temática das JMJ e o espaço da biblioteca onde ficaram os símbolos, com a colaboração das professoras bibliotecárias. “Uma aula foi só dedicada a falar sobre as JMJ para que eles percebessem o que são os símbolos, o que é que eles significam e qual a sua importância”, contou, acrescentando que alguns nem sabiam quem era o Papa.

O professor adiantou que os alunos realizaram marcadores. “No mesmo marcador há trabalho de alunos do primeiro, do segundo e do terceiro ciclos com o logótipo oficial e o tema da JMJ a que se quis dar destaque”, contou, acrescentando que o desafio aos estudantes foi o da atualização da mensagem bíblica que servirá de tema à JMJ de Lisboa: ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’ (Lc 1, 39). Os alunos deixaram em cada marcador uma exortação a algo que consideraram ser hoje necessário fazer-se com pressa, no sentido de urgente. O professor refere ter havido muitas referências ao racismo, ao bullying, à não-violência, ao perdão, ao amor, entre outros temas.

Na chegada da cruz e do ícone, o padre Nelson Rodrigues, assistente do Setor da Pastoral Juvenil da Diocese do Algarve também disse aos estudantes que “não precisam ser cristãos ou católicos para reconhecerem a importância desta mensagem” dos símbolos da JMJ. “Que seja um momento para pararem, para poderem pensar no sentido da vida que passa tão depressa. Hoje estão aqui nesta escola, amanhã já estarão no mundo do trabalho”, prosseguiu, exortando cada um a pensar no que quer fazer da vida e de que maneira poderá dá-la “para tornar este mundo um lugar melhor para se viver”.

“A felicidade não está em fazer aquilo que eu gosto. A felicidade está em gostar daquilo que eu faço. E isto é uma coisa que se aprende. Não insistam tanto em andar atrás das coisas de que gostam de fazer. Mas aquilo que fazem, aprendam a gostar delas”, aconselhou, garantindo que assim “serão grandes homens e grandes mulheres e tornarão este mundo diferente”.
Por fim, a coordenadora de estabelecimento exortou os alunos a “praticar os valores de Jesus”. “Vamos começar a ser mais amigos e a dar valor ao respeito, à tolerância e ao amor ao próximo”, pediu a professora Anabela Melo.

Os símbolos da JMJ estão a percorrer o Algarve até ao dia 27 de novembro, segundo um itinerário que já contemplou a visita aos três estabelecimentos prisionais da região. Naquele dia serão levados até Mértola, onde serão entregues aos representantes da vizinha Diocese de Beja.
A Cruz da JMJ foi entregue pelo Papa João Paulo II aos jovens em abril de 1984 e marcou o início de uma peregrinação da juventude de todo o mundo; em 2000, o mesmo pontífice confiou aos jovens uma cópia do ícone de Nossa Senhora ‘Maria Salus Populi Romani’.