Há 25 anos que Cláudia e Albino Martins fazem da freguesia de Cachopo –, à qual viram juntar-se nos últimos anos ainda as de Martim Longo e Vaqueiros, na Serra do Caldeirão –, o seu terreno de missão, levando vida, esperança e fé a comunidades esquecidas pela interioridade a que se viram votadas.
Na próxima quarta-feira, 29 de abril, data em que se assinala o Dia Europeu da Solidariedade e Cooperação entre Gerações, o Presidente da República vai atribuir-lhes, a título individual, a Medalha de Grau Oficial da Ordem do Mérito. A cerimónia de atribuição das distinções, na qual serão homenageadas mais 12 personalidades ligadas ao serviço social, terá lugar no Palácio de Belém, em Lisboa, às 11.30h.
Cláudia e Albino Martins, naturais de Vila Real de Santo António, chegaram a Cachopo ainda muito novos, com 19 e 27 anos, respetivamente, e ali se casaram em agosto de 1990 e firmaram raízes.
Ao contrário de muitos jovens da região, que partiram para o litoral algarvio em busca de novas perspetivas, o casal cumpriu o percurso inverso e integrou-se numa região desertificada e envelhecida, no Algarve profundo. Segundo Albino, na base desta decisão esteve um convite do então bispo do Algarve, D. Manuel Madureira Dias, que se debatia com a “necessidade de uma presença de Igreja nesta localidade”.
Faltavam sacerdotes para atender a uma comunidade de cerca de 650 pessoas, maioritariamente idosa, e que estava dispersa pela aldeia do Cachopo e por diversos montes da freguesia.
A missão do casal, no entanto, não passaria apenas pela organização da catequese e da dignificação da liturgia. Para além da vivência da fé, a população precisava de apoios sociais, de cuidados de saúde, de um maior acompanhamento face à solidão que muitos idosos enfrentavam.
Assim, iniciou a sua missão, em outubro de 1990, o Centro Paroquial de Cachopo que hoje, após a construção e inauguração do Complexo Social D. Manuel Madureira Dias em 2009, assiste 115 idosos, 30 em lar, 20 no centro de convívio, 15 em centro de dia e 50 em apoio domiciliário, estes dispersos por 23 montes da serra algarvia, o que implica a realização de 500 quilómetros diários.
Em 2011, em entrevista ao programa “70×7” da Ecclesia na RTP 2, Albino Martins lembrava que “missão não é só lá fora”. “É importante que seja, mas também temos que olhar cá para dentro, porque há muito trabalho a realizar” defendia.
Naquele ano, o atual bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, mandatou o casal para trabalhar também nas paróquias de Martim Longo e Vaqueiros, missão que inclui os respetivos centros paroquiais.
Entretanto, Albino Martins foi ordenado diácono em janeiro de 2012.
Segundo a Diocese do Algarve, “esta condecoração resulta do reconhecimento da Presidência da República pelo serviço de excelência prestado em Cachopo e na serra algarvia por este casal”.
O bispo do Algarve congratula-se com este gesto, manifesta a gratidão da diocese ao casal e sublinha saber que “aquilo que os move não são as condecorações humanas”, felicitando todos os que com ele colaboram.
com Sandra Moreira e Ecclesia