O 24.º Congresso de Pneumologia, que arranca em Albufeira esta sexta-feira, conta com a presença de cerca de 700 especialistas nacionais e internacionais, tem como tema os “Novos caminhos para a Pneumologia em Portugal”.
O fórum, que decorre entre sexta-feira e domingo, vai discutir a saúde respiratória nacional e abordar temas como a asma brônquica, a doença pulmonar obstrutiva crónica e o cancro do pulmão.
Em declarações à agência Lusa no âmbito do congresso, o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) explicou que o cancro do pulmão mata entre três mil a quatro mil portugueses por ano, números “preocupantes” e com tendência a aumentarem.
Carlos Cordeiro advertiu que o cancro do pulmão que é a “neoplasia que mais mata em Portugal no sexo masculino”.
“São números preocupantes e a incidência está a crescer, o número de novos casos está a aumentar”, alerta o presidente da SPP, explicando que o aumento de pessoas a sofrerem de cancro do pulmão tem que ver com as consequências do “tabagismo dos últimos 20 ou 30 anos”, com o “envelhecimento da população” e pode também ter a ver com outro tipo de exposições “não identificadas”.
Carlos Cordeiro revelou ainda que a lei que proíbe fumar em espaços públicos em Portugal ajudou a baixar em dois por cento o número de fumadores em Portugal, mas o número de adolescentes e jovens portuguesas a fumar está a aumentar.
Segundo o presidente da SPP, a legislação, que entrou em vigor a 01 de janeiro de 2008, veio diminuir a percentagem de fumadores em Portugal, registando-se um abaixamento na ordem dos “2% da população” que deixou de fumar, disse à Lusa o presidente da SPP.
A legislação sobre restrição de fumar em espaços públicos veio diminuir, sobretudo, a exposição passiva ao fumo do tabaco, com um abaixamento “na ordem dos 25%”, acrescentou aquele especialista.
A diminuição da carga tabágica dos fumadores diminuiu, porque as “pessoas não podem fumar permanentemente e em todo o lado (…) e, portanto, os que fumam também fumam menos”, concretizou Carlos Cordeiro.
Apesar da diminuição de alguns fumadores em Portugal e de o país ter 21% da população a fumar, enquanto a média europeia é de 28% – com a vizinha Espanha e Grécia a ronda os 40% da população –, a verdade é que as mulheres jovens em Portugal cada vez fumam mais.
“Tem havido um aumento do hábito tabágico na população jovem feminina”, alertou o médico pneumologista, explicando que as adolescentes e as mulheres jovens têm, de facto, tendência para fumar mais do que fumavam”.
O fenómeno da emancipação feminina que está a levar as mulheres a começarem a fumar mais cedo vai aumentar a “mortalidade da doença pulmonar obstrutiva crónica” (DPOC), que vai aparecer cada vez mais cedo.
A DPOC é uma doença inflamatória das vias aéreas que leva a uma insuficiência respiratória e que provoca a morte, seja por doenças cardíacas, seja com tumor no pulmão.
Antigamente, a doença pulmonar obstrutiva crónica era uma doença do idoso, mas hoje começa a aparecer aos 40 anos e “temos de estar atentos aos sinais de queixas respiratórias nos fumadores logo a partir de 40 anos”, porque deve-se “começar o mais cedo possível a tratar” a doença que é evolutiva e incapacitante.
Com Lusa