© Samuel Mendonça
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Oitenta dos cerca de 150 Caminheiros e Companheiros (escuteiros dos 18 aos 22 anos, respetivamente dos ramos terrestre e marítimo) de 17 agrupamentos algarvios do Corpo Nacional de Escutas (CNE) participaram este fim de semana na quinta edição do Cenáculo, um fórum que visa o debate sobre temas de interesse para o desenvolvimento da IV secção escutista e, consequentemente, para o progresso educativo do escutismo católico.

Neste fórum, que procura igualmente estimular os processos de tomada de decisão a todos os níveis, procurando tornar aqueles escuteiros da IV secção do CNE mais ativos e participantes no movimento, na Igreja e na sociedade, todos os participantes têm oportunidade de partilhar ideias e experiências, bem como de apresentar sugestões.

“Há um crescimento que se dá dos Pioneiros [escuteiros dos 14 aos 18 anos] para os Caminheiros e que tem muito a ver com a componente espiritual. Pretende-se, acima de tudo, ajudá-los a compreender melhor essa componente para que a possam vivenciar de outra maneira”, explicou ao Folha do Domingo, Miguel Domingos, coordenador geral do Cenáculo que se realizou de sexta-feira até domingo na Escola Secundária de Olhão.

© Samuel Mendonça
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Alexandre Carvalheiro, coordenador adjunto, sublinhou também a importância do fórum na formação para a cidadania, explicando que aquele procura “dar voz aos Caminheiros e construir um local onde eles possam discutir e abordar temas que normalmente não são abordados”.

Aquele responsável destacou ainda que esta edição do Cenáculo visou igualmente uma análise ao novo sistema de progresso da IV secção, pedida pela Junta Central do CNE, com vista ao aperfeiçoamento do mesmo.

O Cenáculo deste ano – que contou com um elemento do Agrupamento 1353 da Ribeira Brava (Madeira), com uma equipa organizadora com 15 Caminheiros e incluiu dois dirigentes observadores (dos agrupamentos 714 de Albufeira e 1201 da Conceição de Faro –, teve como lema “Se acreditares, conseguirás” e foi desenvolvido em torno do imaginário do filme de animação “Mulan”. “Esse «acreditar» engloba várias vertentes. Desde acreditarmos em Deus, através da fé, até acreditarmos em nós mesmos e na sociedade que podemos mudar com o nosso contributo”, explicou Miguel Domingos, acrescentando que a introdução ao imaginário foi feita com recurso a um pequeno jogo de cidade.

Na manhã de sábado, o primeiro plenário, orientado pelo chefe Bruno Ferreira, abordou a vida de São Paulo, procurando levar os participantes a discernir como é que o exemplo do apóstolo e patrono daqueles escutas poderá ser aplicado nos dias de hoje. O segundo momento, conduzido pelo diácono Nelson Rodrigues, procurou fazer a análise da oração do Credo e a parte da tarde, orientada pelo padre Joel Teixeira, teve como objetivo a reflexão sobre o pecado.

No sábado à noite, a eucaristia, presidida pelo assistente regional do CNE, o padre António de Freitas, contou com a presença do chefe regional do Algarve, José Cercas Vicente, sendo que ambos felicitaram e exortaram à continuidade do projeto.

O domingo foi dedicado ao sistema educativo do CNE, procurando avaliar de que forma é que está a ser aplicado na IV secção. O Cenáculo foi ainda constituído pelo espaço “Aproveita”, um placard onde os escuteiros deixam a sua partilha. Este espaço foi este ano reformulado em relação a edições anteriores e «transformou-se» numa tenda pela qual os participantes passavam após os plenários para, em grupos de quatro elementos, apresentarem a sua partilha durante cinco minutos, da qual resultou uma conclusão expressa numa frase apresentada no final de cada dia.

Do Cenáculo resulta um documento com as conclusões – C(y)arta – que é enviado para a equipa nacional, sendo divulgado à Junta Central do CNE. No Algarve, a reflexão deste órgão consultivo do CNE é enviado também à Junta Regional e aos agrupamentos da região. O Cenáculo realiza-se no Algarve desde 2011 e, para além de Olhão, já passou por Silves (2011), Lagos (2012), Loulé (2013) e Paderne (2014).

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A edição deste ano contou com o apoio da Escola Secundária dr. Francisco Fernandes Lopes, do núcleo de Olhão da Fraternidade de Nuno Álvares (FNA), associação dos antigos filiados no Corpo Nacional de Escutas (CNE), e da paróquia de Olhão, na pessoa do seu pároco, o cónego Manuel Rodrigues.

Neste ano pastoral de 2014/2015, para além do ACAREG e do Dia de BP, Caminheiros e Companheiros já participaram no Encontro Regional em Quarteira e no acampamento do Dia de São Paulo na Quinta de Marim.

Atualmente, o movimento escutista conta com mais de 25 milhões de elementos no ativo, dispersos por 216 países do mundo. O CNE foi fundado no dia 27 de maio de 1923, por ação de D. Manuel Vieira de Matos, arcebispo de Braga, e está atualmente presente em todas as dioceses de Portugal, registando um efetivo de 73.000 associados (59.000 crianças e jovens e 14.000 adultos), sendo que no Algarve são cerca de 2.200 elementos de 32 agrupamentos.