A Diocese do Algarve realizou no passado sábado, 08 de junho, no Seminário de São José, em Faro, uma formação sobre o sistema informático de gestão paroquial e também sobre a gestão de canais digitais paroquiais que contou com 17
formandos.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A atual plataforma digital para a gestão diocesana e paroquial foi disponibilizada pela diocese algarvia em 2016. O sistema permite às paróquias fazer registos de batismos, matrimónios ou óbitos assinados eletronicamente e trocar essa documentação com a Cúria diocesana para despacho de processos, assim como a gestão da sua contabilidade e tesouraria com planos de contas simples, a consequente emissão de recibos ou a apresentação de mapas financeiros. A gestão da catequese ou o inventário do património paroquial são outras das funcionalidades da plataforma.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A formação de sábado, orientada pelo engenheiro Sérgio Cunha, da empresa sediada em Paços de Ferreira que criou a solução informática utilizada, visou apresentar as últimas novidades acrescentadas no sistema com vista a uma maior interação entre as paróquias e os serviços centrais da diocese. Para além de pedidos de transferência de batismos, atestação de casamentos, as paróquias podem agora, por exemplo, submeter eletronicamente pedidos para aprovação dos conselhos paroquiais para os assuntos económicos, confrarias e irmandades ou centros sociais paroquiais. Para além de pedidos genéricos, podem também requerer autorizações e credenciais para trabalhar com uma conta bancária.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A criação de livros de registo de primeira Comunhão é outra das novidades.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Nos registos de óbito foram acrescentadas as opções columbário e doação no destino do corpo, para os casos em que, respetivamente, as cinzas da cremação são depositadas em local próprio, criado pela paróquia, ou é doado para investigação científica.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O encontro serviu ainda para apresentação de sugestões por parte dos utilizadores como a da emissão de certidões de Crisma para paróquias de outras dioceses, tendo em conta que a plataforma é já comum a todas as dioceses portuguesas, exceto o Patriarcado de Lisboa e a Diocese de Portalegre-Castelo Branco.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A vertente formativa sobre a presença cristã no ambiente digital foi orientada pelo padre Miguel Neto, doutorando naquela área e diretor do Secretariado das Comunicações Sociais e da Cultura da Diocese do Algarve.

O sacerdote disse ser “importante” que os cristãos habitem os ambientes digitais. “Não significa desviar o foco dos problemas concretos experimentados por muitas pessoas. Pelo contrário, significa defender uma visão integral da vida humana que atualmente abrange o mundo digital”, defendeu, acrescentando que “as redes sociais podem ser um modo de chamar a atenção para tais realidades e construir uma solidariedade entre aqueles que estão próximos e distantes. É este o papel que nós, membros da Igreja, temos de ter”, defendeu.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Explicando que o ambiente físico e o digital, a dimensão real e a virtual, fazem parte de uma só e mesma realidade, o formador alertou que o que é pedido aos cristãos é que façam no segundo plano o mesmo que fazem no primeiro: “expandir os valores judaico-cristãos”. “Como é que isto se faz? Não é com discursos de ódio, nem mostrando divisões. Temos de usar a linguagem que as pessoas entendem e gostam com conteúdo cristão”, aconselhou, considerando que “a Igreja hoje tem um problema de linguagem, de comunicação”. “Temos tendência para utilizar uma linguagem que ninguém percebe”, lamentou, acrescentando: “não temos na Igreja literacia mediática, não temos a formação”.

Referindo-se à presença dos cristãos nas redes sociais, o formador alertou ainda que “o conteúdo tem de ser envolvente” para “captar a atenção”. “Aquilo que se «vende» no ambiente digital é a atenção das pessoas”, sustentou, explicando que, “para isso, é necessária uma comunicação direta, curta e envolvente”, produzida “com rapidez e no momento”. “Num vídeo, ao final de 20 segundos, se não for atrativo, passam à frente”, observou, lamentando: “analisamos a superfície e não temos tempo para aprofundar as realidades”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Lembrando que hoje “a maior fonte de informação é a internet”, aludiu à “personalização dos resultados”. “Ou seja, só vemos as notícias que queremos”, concretizou, referindo-se ao fenómeno da “tribalização digital”. “Só vemos as notícias que nos interessam, que vão ao encontro da nossa posição”, explicou.

Acrescentando que “as redes sociais desempenham um papel decisivo na forma como modelam os valores, crenças, linguagens, suposições”, acrescentou que se vive em “bolhas de filtro”.

Por fim, o padre Miguel Neto defendeu que “a presença nas redes sociais exige discernimento e conhecimento” e implica a resposta a uma pergunta: “quem é o meu próximo nas redes sociais?”. O sacerdote, que distinguiu rede social de plataforma digital, aconselhou a “saber como se comunica” em cada uma.