No principal santuário mariano algarvio em que presidiu hoje à tarde, em Loulé, à Missa da solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, o bispo do Algarve lembrou que este novo ano será “marcado pela esperança” e exortou os algarvios a serem “peregrinos de esperança”. 

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

No Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente invocada como «Mãe Soberana», D. Manuel Quintas desafiou mesmo os algarvios a serem “sinais de esperança no mundo de hoje”.   

Lembrando ser este o tema do Jubileu, que teve início na diocese no passado domingo, o bispo diocesano considerou que o Ano Santo ilumina já 2025 e que as dimensões do “perdão”, da “reconciliação” e da “renovação da vida” são, e sempre foram, as marcas destes acontecimentos jubilares na vida da Igreja ao longo dos séculos.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

D. Manuel Quintas lembrou ser “próprio do jubileu haver uma renovação interior”, “pessoal, mas também eclesial”, e disse que, “por isso, é importante iniciar este ano com este propósito e este projeto pessoal” porque “o jubileu tem sempre uma implicação concreta e direta” na vida. “Certamente que sereis convidados nas vossas comunidades paroquiais a alguma celebração, ação ou peregrinação à nossa catedral de Faro com este objetivo de mudança de vida, de conversão pessoal”, prosseguiu. 

“É um ano de graça, de dom, para que esta bênção, que hoje todos recebemos, seja uma bênção fecunda, que nos transforme o coração, que nos revolucione a vida, sobretudo as atitudes e gestos de uns com os outros. Só assim este será um ano fecundo para todos nós”, prosseguiu, alertando: “abrimos a porta da nossa catedral, mas é preciso abrir a «porta» do nosso coração e da nossa vida para acolher este grande dom de Deus que vem como nosso salvador”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O bispo do Algarve começou assim por considerar que Jesus é “o dom por excelência de Deus para cada um” subjacente à sua bênção para “todos sem exceção” neste início de novo ano. O bispo do Algarve referiu que “a bênção de Deus cria sempre um dinamismo de receber e de partilhar que é o do verdadeiro amor”. “Ele também nos pede que sejamos bênção uns para os outros”, prosseguiu, acrescentando que “a vinda de Jesus ao mundo, como grande dom e bênção de Deus”, faz de todos os batizados “filhos do mesmo Pai e, por isso, irmãos uns dos outros”. 

“Deus quer que iniciemos este novo ano com estes sentimentos fraternos, sem os quais não é possível construir a paz. Só sentimentos fraternos podem conduzir-nos a ponto de sermos verdadeiramente construtores da paz”, advertiu, lembrando que hoje também se celebra o 58º Dia Mundial da Paz.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O bispo do Algarve recordou que o Papa, na sua mensagem para essa efeméride, intitulada “Perdoa-nos as nossas ofensas, concede-nos a tua paz”, entre “outras propostas muito concretas com implicação social”, propõe “que se crie um fundo, com uma percentagem do dinheiro que se gasta na guerra, para acabar com a fome e que se crie condições para que aqueles que têm necessidades se instruam”.

D. Manuel Quintas lembrou ter sido “através de Maria” que Jesus veio como “dom” de Deus ao mundo. “Com ela torna-se mais fácil viver em fidelidade esta dignidade batismal que nos torna filhos do mesmo Pai e irmãos em Cristo. Com ela torna-se mais fácil acolher esta bênção fecunda de Deus na nossa vida, de modo a poder partilhar esta benção também com todos aqueles que encontrarmos ao longo deste ano. Por isso, Maria é modelo de todo o crente que acolhe a bênção de Deus e colabora com ele na realização deste projeto de salvação, de libertação, que Jesus veio realizar. Não estamos sozinhos porque temos a mãe por perto, temos a «Mãe Soberana» que aqui invocamos como Senhora da Piedade que nos acompanhará ao longo deste ano”, afirmou. 

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O responsável católico acrescentou ser “importante neste dia consagrar-lhe este ano”. “Eu também estou aqui para lhe consagrar a nossa Igreja diocesana, cada uma das nossas comunidades, cada um dos nossos diocesanos, para que seja ela a conduzir-nos como peregrinos de esperança ao longo deste ano jubilar e nos ajude verdadeiramente a ir ao essencial, àquilo que nos faz falta mudar, alterar, às opções que precisamos fazer, a nível pessoal, familiar, eclesial”, sustentou na Eucaristia, no final da qual foi feita a consagração a Nossa Senhora através da oração da Salvé Rainha.

A Missa foi ainda concelebrada por D. António Carrilho, bispo emérito do Funchal, natural de Loulé, pelo cónego Carlos de Aquino, pároco de Loulé, e pelos padres Fábio Pedro, também louletano, e Henrique Varela, antigo pároco da cidade. A Eucaristia, na qual foi feita uma referência ao aniversário de duas consagradas, contou ainda com o serviço do diácono Bruno Valente.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo