É deveras pertinente não só a pergunta que ensina esta reflexão, como também muitas outras que por aí vamos ouvindo como estas: quais são os direitos e os limites do jornalismo?

Que responsabilidade cabe ao jornalista quando oculta ou distorce a verdade?

Quando se preocupa apenas com o sensacionalismo?

É bem sabido que todo o autêntico jornalismo se deve orientar por princípios éticos e deontológicos, pela verdade, pela prudência e até pela caridade. Quando não há respeito por nenhum destes princípios, por nenhuma daquelas virtudes, o jornalismo atenta contra o bem comum, além de lesar o bem privado dos que são directamente atingidos.

Especifiquemos: o jornalismo atenta contra a verdade quando insere notícias falsas, quando exagera a amplitude dos factos ou quando, pelo contrário, os apresenta parcializados e fora do contexto (recordar, por exemplo, o que aconteceu com tantas frases do Santo Padre).

Atenta ainda contra a verdade quando a informação contem dados falsos ou induzem em erro sobre a honestidade e a honra de alguém, neste caso, torna-se caluniosa.
E não pode servir de desculpa e justificação que, por vezes, se ouve da boca do jornalista quando afirma: "recolhi o testemunho de fonte autorizada".

Divulgar esta ou aquela notícia sem o crivo da verdade e até do bom senso pode levar a consequências de proporções inimagináveis, pode levar até a verdadeiras tragédias.

Recordemos, por exemplo, o caso de um ministro francês que se suicidou porque não suportou as difamações de que foi alvo na imprensa daquela época!…

Mesmo que a notícia seja verdadeira, mesmo que não se trate de calúnia, contudo, há princípios deontológicos que, sempre e em todas as situações, devem ser respeitados.

É preciso que o jornalista além de cultivar a verdade, nunca poderá esquecer que a prudência e até a caridade devem ter lugar no modo como se transmitem e se noticiam verdades dolorosas…

Como seria bom se os jornalistas tivessem sempre presente as sábias palavras de João XXIII: "Trabalhando pela verdade, trabalhareis pela fraternidade, porque o erro e a mentira é o que divide os homens. Escolhendo prudentemente e apresentando objectivamente as notícias, cuidando de evitar o mais possível tudo o que alimenta as paixões ou a polémica malévola, exaltando preferencialmente os valores positivos (a vida como esforço, desejo de perfeição, convergência de esforços para o bem comum), favoreceis a união, a concórdia e a verdadeira paz".

Infelizmente, quão poucos jornalistas seguem este ideal!…