Longe, estão já os quatro cetros mundiais dos finlandeses Juha Kankkunen e Tommi Makinen e Loeb não dá sinais de abrandamento no seu objetivo de se tornar uma lenda viva do automobilismo mundial.
Ao volante de um Citroen C4 WRC, Loeb chega ao Rali de Portugal, sexta prova do Mundial de 2010, que se disputa entre quinta feira e domingo na região do Algarve, na liderança do mundial, detendo 36 pontos de vantagem para o segundo classificado, o finlandês Jari-Matti Latvala.
Além dos títulos mundiais, Loeb é, também, recordista de vitórias no WRC, contando até ao momento 57, entre as quais duas em Portugal (2007 e 2009).
Nascido a 26 de Fevereiro de 1974, em Haguenau, Bas-Rhin, França, Sébastien Loeb teve sempre o desporto presente na sua vida, quando, aos três anos, se iniciou na ginástica por influência do pai, praticante, fazendo depois uma incursão no ciclismo e nas mini-motos.
Conciliando a prática desportiva com os estudos, Loeb terminou o liceu e conseguiu o diploma de eletricista, mas começou logo a gastar os seus primeiros ordenados nos desportos motorizados e comprou um Renault Super 5 GT Turbo, que foi “destruindo” durante a aprendizagem, até responder a um anúncio de deteção de jovens talentos para ralis.
Em 1995, o hexacampeão do Mundo de ralis (2004, 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009) tinha 21 anos e iniciou-se em competições oficiais de automóveis, sendo finalista do “rali jovens”, resultado que repetiu no ano seguinte e que fez despertar a atenção de equipas como a “Ambition Sport Auto”.
O proprietário (Remi Mammosser) convidou Loeb para disputar uma prova regional, com Dominique Heintz como co-piloto, e depois ingressou no nacional "Volante 106”, onde ganhou quatro ralis na classe 1300, saltando para a de 1600, na qual realizou duas provas.
No final desse ano, Loeb formou dupla com Daniel Elena, seu co-piloto até os dias de hoje, e, em 1998, terminou o Troféu Citroen Saxo Kit-Car na sexta posição, depois de vitórias em quatro provas e acidentes em outras tantas, o que deixou a equipa “Ambition Sport Auto” em dificuldades financeiras.
A experiência adquirida fez dele um piloto mais prudente e, em 1999, conquistou o troféu, passando a integrar a equipa de esperanças da Federação Francesa de Desporto Automóvel, pela qual realizou duas provas do Mundial na classe A6.
No ano seguinte, sagrou-se campeão de França de ralis em terra na categoria de duas rodas motrizes, antes de dar o salto para a Citroen, com a qual conquistou em 2001 o título francês ao volante de um Saxo 1600.
Nesse mesmo ano, Loeb sagrou-se campeão do Mundo de ralis em Super 1600 com o Saxo e teve a sua primeira experiência no Mundial (WRC), ao volante de um Citroen Xsara, com o qual terminou o Rali de São Remo na segunda posição.
O ano de 2002 marcou a passagem definitiva para o WRC e Loeb conseguiu a sua primeira vitória no Rali da Alemanha, terminando na 10.ª posição o campeonato de pilotos, ganho pelo que seria depois o seu principal rival, o finlandês Marcus Gronholm.
No ano seguinte, venceu três provas (Monte Carlo, Alemanha e São Remo) e terminou o campeonato na segunda posição, atrás do norueguês Petter Solberg, campeão do Mundo de 2003.
Em 2004, deu-se a consagração de Loeb, que venceu seis ralis, somou 118 pontos e conquistou o primeiro título com um Citroen Xsara, dando à marca francesa o seu primeiro triunfo no campeonato de construtores.
O piloto gaulês passou a dominar a especialidade e, no ano seguinte, conseguiu o “bi”, contribuindo para o segundo título da Citroen, sem dar hipóteses à concorrência. Venceu 10 das 16 provas do calendário e terminou a época com um total de 127 pontos.
O ano de 2006 parecia levar o mesmo caminho, após vitórias em cinco das oito primeiras provas da temporada e mais três na segunda metade, mas um acidente quando praticava BTT, em setembro, colocou em risco um título que acabou por conseguir, mesmo sem disputar as derradeiras quatro provas da época.
Depois do tricampeonato, Loeb iniciou a temporada de 2007 apostado em igualar o recorde de quatro títulos de Kankkunen e Makinen, mas teve pela frente um dos seus mais difíceis campeonatos, apenas decidido na 16.ª e última prova da temporada, na Grã-Bretanha, depois de uma renhida luta com o finlandês Marcus Gronholm (Ford Focus), que se despediu do WRC.
Loeb passou grande parte da época atrás de Gronholm, chegando ao penúltimo rali com quatro pontos de atraso, mas a desistência do finlandês permitiu-lhe assumir a liderança do campeonato e defender com sucesso a vantagem de seis pontos que conquistara com a vitória nessa prova, disputada na Irlanda.
Em 2008, foi o Japão que coroou Loeb e permitiu ao francês ultrapassar os "tetras" dos finlandeses Kankkunen (1986, 1987, 1991 e 1993) e Makinen (1996, 1997, 1998 e 1999), numa época que dominou desde o início, como o comprovam as vitórias alcançadas em 11 dos 15 ralis.
A exemplo de 2007, o título do ano passado foi também discutido até à última prova, isto apesar de um arranque de temporada em que dava a sensação de que seria um autêntico passeio.
Depois de cinco vitórias consecutivas, uma série de azares impediram que Loeb permanecesse destacado na frente, tendo o gaulês atingido a última prova atrás do finlandês da Ford Mikko Hirvonen. A vitória no País de Gales permitiu a Loeb assegurar novo cetro, com apenas um ponto de vantagem para o nórdico, a mais pequena margem desde 2006.