Viagem_comboio_presidencialOs 125 anos da chegada da ferrovia ao Algarve foram comemorados no passado dia 1 deste mês com uma viagem entre Vila Real de Santo António e Faro no renovado comboio centenário usado pelos chefes de Estado a partir de 1910, que procurou recriar esse momento histórico.

A iniciativa inseriu-se num conjunto de viagens programadas pela Fundação Museu Nacional Ferroviário (FMNF), com a colaboração das duas autarquias, que se uniram para celebrar a chegada do primeiro comboio com serviço de passageiros à capital do Algarve, em 1889.

As comemorações continuaram com a inauguração da exposição “Um olhar sobre os caminhos de ferro do Algarve”, no Museu Municipal de Faro, que estará patente até agosto de 2015 e que reúne fotografias, objetos e documentos sobre o tema e na qual é ainda exibido um documentário.

O momento histórico da chegada do primeiro comboio com serviço de passageiros à capital algarvia originou a criação de um número único do jornal “Inauguração”, contou à Lusa o diretor do Museu Municipal de Faro.

“Quando o comboio chegou a Faro, foram três ou quatro dias de festa, houve música, quermesses, as casas nobres e os principais monumentos da cidade foram iluminados e as ruas foram enfeitadas”, referiu Marco Lopes, lembrando que o comboio chegou a Faro três décadas depois da inauguração do primeiro troço do país, entre Lisboa e o Carregado.

Segundo aquele responsável, a chegada da ferrovia ao Algarve teve um grande impacto social e económico na região, uma vez que os transportes se faziam quase sempre pela via marítima e fluvial ou pelos caminhos terrestres da região, na altura um território praticamente isolado.

A cidade de Vila Real de Santo António viria mais tarde, em 1906, a ser beneficiada com a extensão da linha do Algarve para Sotavento, aproximando esta via da zona de fronteira com Espanha.

À chegada ao Museu Municipal de Faro, o presidente da Câmara Municipal, Rogério Bacalhau, referiu que esta iniciativa é importante para a cidade e para o Algarve, pois poderá proporcionar novas oportunidades turísticas à região, tendo em conta que a oferta que a FMNF pretende fazer, mediante a disponibilização da composição para passeios, turistas e estrangeiros, se concentra nessa região durante o verão.

Recorde-se que a iniciativa de concretizar os Passeios Presidenciais, após o projeto de restauro deste emblemático comboio que deixou de funcionar como tal na década de 1970, tem assegurado o interesse de diferentes entidades, organizações e dos meios de comunicação social desde a viagem inaugural, que teve lugar no final do ano passado, pelo que se prevê a sua exploração plena enquanto produto turístico para breve.

Sempre que a programação de passeios o permita, o Comboio Presidencial ficará em exposição nas futuras instalações do Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento.

Através de fundos comunitários, entre 2009 e 2013, a Fundação Museu Nacional Ferroviário procedeu ao restauro global do comboio presidencial, tendo os seis veículos que formam a composição sido totalmente reabilitados.

Os interiores foram reconstituídos e tiveram que ser reproduzidos alguns objetos em falta, em função dos modelos existentes na década de 1970, que coincide com o período final do uso do comboio presidencial.

com Lusa