Cada vez que analisamos as várias estatísticas que as mais credíveis e avalizadas instituições publicam sobre a fome, a pobreza e a miséria que avassalam este nosso mundo de contrastes gritantes, somos levados sempre a concluir que a justiça equitativa é, sem dúvida, um dos maiores males que infestam as sociedade contemporâneas.

É inacreditável que mais de mil milhões de pessoas vivem em situação de extrema pobreza, forçadas a sobreviver com o equivalente a menos de um Euro por dia.

Mais ainda: se fixássemos o limiar de pobreza num rendimento diário "per capita" em cerca de dois euros, então, calcula-se que o número de pessoas a sobreviver com aquela importância passaria para dois mil e quinhentos milhões…

De facto, esta é, sem dúvida, uma tragédia sem nome!…

Tragédia que se abate com mais intensidade sobretudo nas áreas rurais da África subsariana e no sul do Continente asiático.

Apesar dos muitos alertas que das mais variadas entidades e instituições se têm ouvido, o fenómeno da miséria e da fome continua a grassar tanto nas áreas rurais a que nos referimos como por todo o mundo…

Dizem alguns técnicos e conhecedores profundos deste problema que é preciso e urgente investir mais na agricultura…

De facto, não podemos ignorar que, infelizmente, muitos dos países desenvolvidos, mais pretendem sacar as matérias-primas de certas regiões carenciadas, devolvendo-lhes, depois, os produtos produzidos com lucros, por vezes astronómicos, do que favorecer o desenvolvimento daquelas mesmas regiões!…

É este estado de coisas que o capitalismo selvagem que avassala o nosso mundo, quer a todo o custo manter, por isso, a crise que atravessamos é, sem dúvida, de natureza ética e moral. A prova disto é a avidez desenfreada de alguns poucos que auferem salários astronómicos e a remuneração miserável de milhões e milhões a debaterem-se com o problema da sua subsistência…

É bem evidente que o sistema político precisa de ser repensado de modo que não seja só o aspecto económico a dominar e a ocupar todo o espaço, relegando a pessoa humana para a periferia das preocupações…

Sem qualquer utopia, é preciso que os responsáveis se preocupem a sério, com a revisão do nosso sistema político de modo que o centro das preocupações seja sempre a pessoa humana, caso contrário, mais cede ou mais tarde, tornar-se-á um beco sem saída ou uma saída irremediável.

Miguel Neto

O autor deste artigo não o escreveu ao abrigo do novo Acordo Ortográfico