O PCP considera as novas regras de acesso às zonas de largada e recolha de passageiros no aeroporto de Faro “uma verdadeira extorsão” às pequenas e médias empresas de ‘transfers’, segundo um comunicado divulgado na sexta-feira pelo partido.
O PCP acusa a ANA-Aeroportos de Portugal, detida pela multinacional francesa Vinci, de impor as regras que configuram essa extorsão às empresas que realizam estes serviços de transporte de turistas entre o aeroporto e os locais de alojamento.
O partido sublinha que o novo sistema de acesso obriga a quem pretender largar passageiros na área de partidas ou recolher passageiros na área de chegadas a entrar em zonas de largada/recolha denominadas zonas “Kiss & Fly”, de acesso controlado, cujas taxas por uma permanência máxima de 10 minutos passam a ser pagas a partir de três entradas no mesmo dia.
Uma ou duas entradas no mesmo dia são gratuitas, mas três entradas diárias são 3,50 euros, quatro entradas 18,50 euros, cinco entradas 33,50 euros, seis entradas 48,50, sete entradas 63,50 e cada entrada adicional representa mais 15 euros. Se a permanência nas zonas de largada/recolha de passageiros exceder 10 minutos, são cobradas taxas adicionais.
“Não existe alternativa à utilização destas zonas de largada e recolha de passageiros, já que na estrada que passa em frente às partidas e chegadas do Aeroporto é proibido parar para largar ou recolher passageiros”, sublinha o PCP, acrescentando ter confirmado no local, na passada segunda-feira, quando as regras entraram em vigor, que as autoridades policiais faziam um “controlo apertado”.
Preocupado com a situação, o Grupo Parlamentar do PCP questionou o ministro da Economia sobre as consequências da privatização da ANA-Aeroportos de Portugal para as atividades económicas ligadas à atividade aeroportuária, nomeadamente aquelas que são desenvolvidas por pequenas e médias empresas, bem como sobre as novas regras de acesso ao Aeroporto de Faro.
O PCP questiona ainda ao Governo sobre que medidas irá adotar para impedir que a ANA “use a sua posição monopolista para esmagar as empresas de ‘transfers’” que operam no aeroporto de Faro.
De acordo com informação recolhida pelo PCP junto dessas empresas, cada veículo de ‘transfer’ poderá fazer entre cinco e 10 serviços diários no aeroporto de Faro, implicando o pagamento de “quantias exorbitantes” pelo simples ato de parar uns minutos junto às chegadas ou às partidas do aeroporto para largar ou recolher passageiros.
Para evitar pagar estas quantias, as empresas terão que possuir uma avença (270 euros por ano) que dá acesso aos parques P1 (zona de partidas) e P6 (zona de chegadas), mas não dá acesso às zonas “Kiss & Fly”, acrescendo ainda o facto de o número de avenças disponíveis ser limitado e insuficiente para todas as empresas.
“Os custos adicionais resultantes das novas regras de acesso ao aeroporto são incomportáveis para a maioria das empresas de ‘transfers’, colocando a sua sobrevivência e milhares de postos de trabalho em risco e afetando o turismo regional”, conclui.