O padre Vítor Feytor Pinto considerou ontem à noite, no Colégio de Nossa Senhora do Alto, em Faro, ser fundamental a “transfiguração” da família. O sacerdote falava sobre o tema “A Família no Nosso Tempo – Ser ou Ter Família” sob a perspetiva ético-religiosa.
O orador, na palestra sobre o binómio Educação/Família, promovida no contexto da Semana da Família que aquele estabelecimento de ensino celebra até ao dia 25 deste mês, considerou, contudo, que para se operar essa “transfiguração” são precisos três tónicos: “conhecimento da realidade”, “criatividade para descobrir o novo” e “sensibilidade” para não magoar os que não são ainda capazes de acompanhar essa mudança.O padre Feytor Pinto lembrou que a família “começou a desmoronar-se” por causa do “materialismo racionalista”, do “subjetivismo individualista”, da “permissividade hedonista”, do “economicismo autranse”, da “visão redutora da sexualidade”, em que esta aparece, não como um dinamismo de vida desde o nascimento até à morte, mas reduzida apenas ao ato sexual.

O orador acrescentou mesmo que foi por causa destas “cargas negativas” que surgiram as “várias formas de viver a família” enumeradas pela juíza Beatriz Borges na primeira intervenção daquela palestra (ver notícia).

Neste sentido, aludiu à necessidade de “refazer, reestruturar e reencontrar a família referência que permite ultrapassar dificuldades e chegar mais longe”. O padre Feytor Pinto defendeu que a família pode ter sofrido um “trauma violento”, “mas é possível construí-la ou reconstruí-la com valores que oferecem a felicidade”.

Enumerando as “três ideias que marcam a perspetiva cristã para a família”, o sacerdote enumerou a família como “espaço social, comunidade de pessoas e Igreja doméstica”, cujo objetivo é a “felicidade de todos os seus membros”. “O objetivo da família, não é ter muito dinheiro. É preciso relativizar as coisas para atingir a felicidade”, disse. Neste sentido, referiu que o educador tem de “estar atento” e “acompanhar” a “evolução sexual, afetiva, intelectual, cognitiva e ético-moral” e salientou que “a família não pode ser uma soma de egoístas”, mas, quando cristã, deve ser uma “comunidade crente e evangelizadora, de diálogo com Deus, através da oração, de abertura aos mais pobres”.

Apontando os “desafios para a família”, referiu-se à necessidade da “educação para a fé”, onde se aprofunde a mesma como “fonte de renovação pascal” e tendo por base a “liberdade” da sua prática, e de um “autêntico projeto educativo”, onde se valorize a “sensibilidade ética” e se cultive a “harmonia familiar”.

Referindo que “a educação é fundamental enquanto formação integral da pessoa humana, através da assimilação sistemática e crítica da cultura”, lembrou que a mesma tem de ser global e integral.

O padre Feytor Pinto defendeu ainda que “há valores indiscutíveis para a nova cidadania que é necessário serem cultivados em família e nas escolas” como a “tolerância, convívio, diálogo e solidariedade” e apelou a uma “ética personalista que tem como fundamento a dignidade humana”.

Samuel Mendonça