“Cristo ressuscitado continua hoje – não foi algo que aconteceu só há dois mil anos – a sua ação sobre as nossas vidas. Tal como Cristo ressuscitou também nós vamos ressuscitar”, assegurou o bispo do Algarve na Vigília Pascal de Sábado Santo à noite, a que presidiu na Sé de Faro.
Na noite em que os cristãos celebram o acontecimento mais importante da sua fé – a ressurreição de Jesus Cristo – que a fundamenta e lhe dá sentido, bem como a tudo o que dela e nela se inspira, D. Manuel Quintas afirmou que se trata de uma “noite de alegria e de esperança porque é noite de fé”.
Na noite em que Jesus passou da morte à vida, a Igreja convida os seus filhos a reunirem-se em vigília e oração para aguardarem a ressurreição de Cristo e a celebrarem nos sacramentos. Na verdade, a Vigília Pascal, articulada em quatro partes – liturgia da luz ou “lucernário”, liturgia da palavra, liturgia batismal e liturgia eucarística –, foi sempre considerada a mãe de todas as vigílias e o coração do ano litúrgico, embora a sensibilidade popular possa pensar que a grande noite seja a de Natal.
O rito da Vigília Pascal teve então início no Largo da Sé com a liturgia da luz, – que consistiu na bênção do fogo, na preparação e acendimento do círio pascal no lume novo (símbolos da luz da Páscoa que é Cristo, luz do mundo), seguindo-se a entrada na catedral às escuras que foi sendo iluminada pela luz do luzeiro. “O círio pascal entrou como luz que desfaz as trevas, luz que transforma a noite em dia e que brilhou nesta Sé e que passou a brilhar também nas nossas velas. Acolhemos Cristo, luz do mundo, que ilumina a nossa vida”, afirmou o bispo do Algarve, referindo-se à “força rejuvenescedora que brota de Cristo ressuscitado”.
Após a proclamação do precónio pascal e a liturgia da Palavra, com as sete leituras do Antigo Testamento que recordam a história da salvação e as duas do Novo Testamento –, D. Manuel Quintas explicou que “toda a palavra se centrou em Cristo ressuscitado”, evidenciando que “se foi maravilhosa a obra da criação, mais maravilhosa ainda foi a obra da redenção”.
“Acolhamos com muita alegria e com o coração em festa toda a riqueza e beleza desta noite”, pediu, considerando que os cristãos se devem sentir naquela noite “como se fosse a primeira” em que tudo aconteceu. “Que todos possamos encontrar em Cristo vivo e ressuscitado tudo o que precisamos para sermos seus discípulos de uma maneira mais plena e para vivermos e testemunharmos o evangelho com maior autenticidade”, desejou.
A liturgia batismal teve início com o canto da ladainha dos santos, a bênção da água (o outro símbolo da noite), os batismos e crismas de quatro catecúmenos adultos antes da aspersão de toda a assembleia com a água benta e da oração universal. “O Mar Vermelho foi a primeira fonte batismal. O povo saiu do Egito e fez Páscoa em direção à terra prometida. Passar pelo Mar Vermelho foi como o seu batismo: fim da opressão, início da libertação”, afirmou o prelado, evidenciando a relação entre a liturgia batismal e a liturgia da palavra, através de uma das leituras escutadas.
O bispo diocesano lembrou que, para além dos catecúmenos, também os membros da assembleia presente renovariam as suas promessas batismais e reviveriam o seu batismo. “Acompanhando estes nossos irmãos que vão ser batizados, crismados e receber a eucaristia, vamos também nós renovar as promessas batismais. Eles vão ser batizados com água, nós vamos ser aspergidos com esta água para evocar também o nosso batismo”, destacou.
A celebração prosseguiu com a liturgia eucarística como momento culminante da vigília que durou três horas e meia, no decurso da qual os adultos batizados e crismados realizaram também a sua primeira comunhão, completando assim a iniciação cristã. “À volta do altar, atualizamos o mistério da nossa fé: a paixão, morte e ressurreição de Cristo. De certo modo, a eucaristia antecipa já os bens futuros”, afirmou D. Manuel Quintas.
Homilia do bispo do Algarve na Vigília Pascal: