Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O Algarve acolhe desde quinta-feira a primeira “Pequena Fraternidade Provisória” da Comunidade Ecuménica de Taizé no sul do país.

As “Pequenas Fraternidades Provisórias” são um projeto da comunidade ecuménica francesa, a cerca de 390 quilómetros a sudeste de Paris, coordenado pelo irmão Léo, que desde 2014 propõe a jovens a vida comunitária, durante algumas semanas, no coração de uma aldeia ou de um bairro urbano para que possam dar testemunho do evangelho e partilhar as “alegrias e tristezas dos seus habitantes”.

O dia-a-dia é ritmado por três orações comunitárias, trabalho pastoral e social com as comunidades cristãs locais, visitas a pessoas isoladas ou em situação de sofrimento, animação de orações abertas a todos e encontros com jovens.

A experiência já tinha sido realizada em 2015 no Porto e em Bragança e em 2016 no Porto e em Torres Vedras, mas no sul do país é a primeira vez.

Valerie Desplan (à direita na foto), de 28 anos, e Clara Schubart (à esquerda na foto), de 19 anos, ambas alemãs, chegaram na passada quinta-feira a Faro, mas não trouxeram consigo a Kasia (polaca), conforme tinha sido anunciado, por esta ter adoecido inesperadamente.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

As jovens, oriundas respetivamente das cidades alemãs de Aachen e Ratisbona, estão sedeadas na casa das Missionárias da Caridade (popularmente conhecidas como irmãs da Caridade, irmãs Teresa de Calcutá ou irmãs de Calcutá) que acolhem pessoas carenciadas, algumas das quais doentes, sem quaisquer meios de subsistência. Ali estão a prestar a sua colaboração pastoral e social em sintonia com o trabalho diário levado a cabo pela comunidade algarvia daquelas missionárias.

A oração da noite, sempre pelas 21h na capela do Imaculado Coração de Maria (anexa à casa das irmãs), é diariamente aberta a todos quantos queiram nela participar. A primeira decorreu na última sexta-feira com pouca participação e em ambiente de grande recolhimento. O cântico em português que fizeram questão de escolher para abrir o momento orante e que se esforçaram por cantar, quis ser o sinal do agradecimento pelo acolhimento que têm recebido.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Na oração rezaram concretamente pelos irmãos da comunidade ecuménica francesa, pelo impulsionador das peregrinações de algarvios a Taizé, João Cabral, pelas irmãs Missionárias da Caridade, pela Diocese do Algarve e por todos os que as recebem.

Ao Folha do Domingo, Valerie Desplan e Clara Schubart explicaram que não se conheciam antes desta experiência e que, pese embora já tenham estado em Taizé várias vezes, participam pela primeira vez numa “Pequena Fraternidade Provisória”. Valerie, que desde 2010 já esteve sete vezes na Comunidade de Taizé, é ali voluntária desde agosto do ano passado e antes trabalhou como educadora de infância. A jovem já conhecia o Algarve por passado férias com os pais em Tavira há cerca de 20 anos.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Clara, que vai recomeçar a estudar no início do próximo ano letivo, já esteve em Taizé seis vezes, uma semana de cada vez. Já tinha estado nos Açores, mas em Portugal continental, e concretamente no Algarve, está pela primeira vez.

As jovens explicaram que não foi sua escolha vir para Portugal. “Tornou-se no meu desejo, mas não foi escolha minha. Mas estou muito contente por ter vindo”, testemunhou Valerie, explicando que a escolha do país de missão foi decisão da Comunidade de Taizé.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A jovem contou ainda que a colaboração no trabalho das Missionárias da Caridade é muito facilitada pela constante alegria das religiosas.

“É uma forma de rezar diariamente as orações de Taizé, de viver em solidariedade com pessoas de diferentes países e também de ajudar quem mais precisa, como acontece aqui nas irmãs Missionárias da Caridade”, acrescentou Clara, considerando que “as pessoas são muito simpáticas”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A “Pequena Fraternidade Provisória” no Algarve irá prolongar-se até dia 25 de fevereiro. Na semana de 19 a 23 de fevereiro, as jovens passarão no Patacão (concelho de Faro) pela Comunidade de São Paulo da paróquia de São Pedro de Faro para encontros com as famílias e orações na capela do Mosteiro de Nossa Senhora Rainha do Mundo. No dia 23, antes da oração, será realizado pelas 20h um encontro com jovens.

No dia 24, a oração comunitária voltará a realizar-se na capela das Missionárias da Caridade.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A Comunidade Ecuménica de Taizé foi fundada em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, pelo falecido irmão Roger Schutz com o propósito de “reunir homens que sentissem a necessidade de juntos fazerem comunhão e viverem em paz uma vida simples, partilhando o trabalho e as reflexões das Sagradas Escrituras, caminhando em comunidade à descoberta de Deus revelado aos homens por Jesus Cristo”.

A comunidade de Taizé é hoje constituída por mais de 100 irmãos, de várias nacionalidades e igrejas cristãs, incluindo a católica, recebendo semanalmente a visita de milhares de jovens.