
O cardeal-patriarca de Lisboa lembrou que foi pelo Algarve que começou “a evangelização do que é hoje Portugal”.

“Não começou no norte, começou por aqui. Esta vossa diocese – que antigamente se chamava Ossónoba – é das mais antigas”, sustentou D. Manuel Clemente no passado dia 24 de setembro, ao presidir à eucaristia na igreja de São Francisco, em Faro, lembrando que a Diocese do Algarve, é, por exemplo, “um século mais antiga do que a criação da diocese de Braga”.

Licenciado em História e doutorado em Teologia Histórica, tendo sido professor de História da Igreja, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa recordou que o Cristianismo chegou “através do mediterrâneo, passando o estreito que hoje se chama de Gibraltar, e chegou aqui, trazido por comerciantes, por gente que vinha do mar ou então mesmo trazido por gente que vinha por terra, nas legiões até, no caso de haver soldados romanos que fossem cristãos como São Sebastião e outros”.

“Foi a partir daqui que a luz de Cristo e o evangelho começou a irradiar pelo território acima a que muito depois se chamou Portugal, pois Portugal só nasce no século XII”, prosseguiu, lembrando que o país continua a ser território de missão. “Eu, por exemplo, venho de uma diocese que é a de Lisboa onde vivem dois milhões e meio de pessoas de mais de cem nacionalidades do mundo e onde há muita gente que nem sequer sabe o que é uma cruz”, garantiu, considerando que “as missões hoje começam aqui”.
“Para essas pessoas tudo isto é uma luz nova, tudo o que diz respeito a Cristo, à palavra de Cristo, aos sinais de Cristo que são os sacramentos, tudo isto é novo”, observou.

D. Manuel Clemente exortou assim os algarvios à missão evangelizadora. “Esta luz de Jesus Cristo que nos ilumina tem de brilhar na nossa vida para que chegue a outros e os ilumine também. De há 2000 anos, quando o evangelho começou, a esta parte, há muitas zonas do mundo – longe ou perto porque hoje está cá o mundo inteiro no nosso país –, que ainda estão às escuras porque não conhecem a luz do evangelho porque ela ainda não brilha tanto nas nossas vidas como podia e devia brilhar”, alertou.

No final da eucaristia, o cardeal-patriarca benzeu ainda uma auréola e a pena de uma restaurada imagem de São Ivo, padroeiro dos advogados, que, para além de causídico, foi sacerdote diocesano da Bretanha, mas abraçou a espiritualidade franciscana.

A eucaristia assinalou os 18 anos de sacerdócio do frei Paulo Ferreira, membro da comunidade algarvia franciscana, ordenado pelo próprio D. Manuel Clemente, então bispo auxiliar de Lisboa, no Convento de Santo António do Varatojo, que pela primeira vez procedia a ordenações.