“Não me sinto cansado, nem me sinto velho, nem me sinto desmotivado. Eu quero trabalhar, continuar a desempenhar as minhas funções. Neste momento eu não perdi o mandato de presidente da Câmara de Faro, não renunciei ao mandato, tomei a iniciativa de suspender funções enquanto aguardo pela última decisão judicial, a qual ainda não foi tomada”, afirmou o autarca em declarações à Agência Lusa.

Macário Correia disse que manteve ontem o mesmo horário, no dia em que, pela primeira vez em quase 30 anos, esteve sem exercer efetivamente funções públicas por a presidência da Câmara de Faro ter passado para o vice-presidente, Rogério Bacalhau, após o seu pedido de suspensão provisória.

“Neste momento estou a tratar de assuntos da minha vida particular e de algumas questões que tenho pendentes e não tinha tempo para tratar nos outros dias, mas espero que seja uma questão de dias. Eu não vou, obviamente, deixar de ter o horário que tinha, hoje [ontem] levantei-me às 05:00 e tenho trabalhado o dia todo em várias atividades e assim será”, assegurou.

O autarca recordou a sua dedicação de quase 30 anos à causa pública, tendo “desempenhado funções na administração central, no Governo, no parlamento e em duas câmaras municipais de modo executivo” – além da presidência em Tavira e Faro, foi vereador na autarquia de Lisboa -, e sublinhou que quer “ser útil” e “trabalhar”.

Sobre o processo em que foi condenado à perda de mandato, por alegadas irregularidades no licenciamento de obras particulares quando ainda presidia à Câmara de Tavira, Macário Correia disse ter sido “estranho”.

“Tudo isto é muito estranho e não vejo razão para aquilo que me está a acontecer, que acho que é injusto e acho que é perfeitamente desproporcionado relativamente àquilo de que eu sou acusado”, frisou.

Macário Correia disse ainda que vê também “outra coisa com muita preocupação: as sucessivas contradições nos meios judiciais”.

“O meu processo já passou por muitos juízes e já se tomaram, sobre o mesmo assunto, decisões completamente opostas, o que dá aqui uma ideia um pouco estranha deste processo. Se o Direito é uma coisa com algum rigor, credibilidade e consistência, fica no ar a pergunta: ‘por que razão sobre a mesma matéria há decisões diametralmente opostas sobre o mesmo processo?’”, questionou.

O autarca assegurou, por isso, que não tem “nenhuma intenção de cruzar os braços” e vai “lutar” pelas suas razões e convicções.

“Quero servir o interesse público, dediquei-me a vida inteira à causa pública e é essa que quero servir, e portanto não abandono, não me demito, não renuncio, estou trabalhando e quero servir as populações que acreditam em mim”, concluiu.

Lusa