O PAPA BENTO XVI vai entrar em Portugal pelo céu do Algarve, no dia 11 de Maio 2010. Aterrará no aeroporto de Lisboa; segue para Fátima, terminando a sua visita oficial, ao nosso país, na cidade do Porto.
Quando o papa Paulo VI, o primeiro a visitar Portugal, em cerca de dois mil anos do cristianismo, em Maio de 1967, logo chegado ao aeródromo de Monte Real (Leiria), seguiu em peregrinação para Fátima, fazendo questão de se manter de pé ao longo de 40 quilómetros, que percorreu num Rolls-Royce aberto, até ao Santuário de Maria. O Sumo Pontífice foi aplaudido pela multidão que o acompanhou, rezando missa, quase toda em português, a uma multidão de cerca de um milhão de crentes (conforme fui acompanhando a visita pela televisão e imprensa estrangeira, onde me encontrava). O papa Paulo VI deu a reconhecer a particularidade peregrina da sua visita como único destino, o Santuário de Fátima, sem que o go-verno e a política de Portugal se intrometesse, Sala-zar deslocou-se a Fátima, nessa contrariedade de político que não simpatizava com o pacífico Paulo VI, que sempre, nas suas homilias, se pronunciava pela Paz dos Povos.
É a três anos depois da visita de Paulo VI a Portugal, a 1 de Julho de 1970, que Sua Santidade receberia, no Vaticano, em audiência oficial, os dirigentes da libertação das colónias portuguesas: MPLA, PAIGC e FRELIMO.
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Em 1982 é a vez de João Paulo II, a segunda visita oficial de um papa a Portugal, com visita anunciada por Lisboa, centro e norte do país. Começando pela capital e terminando na cidade do Porto. Então escrevemos: E SE PAULO II VIESSE A SAGRES? Acrescentando nesse meu pedido de algarvio: O Promontório de Sagres é o grande altar da expansão cristã, nos vários continentes por onde as explorações marítimas chegaram anunciando a Fé de Cristo: América, Ásia, África e Oceânia. Era esse sentir que o Infante D. Henrique sempre justificou: "Ir cristianizar os povos pelas descobertas". E assim foi…
Neste segundo milénio do cristianismo e sabendo que o Algarve, a partir da milenária cidade de Ossónoba (actual cidade de Faro), local das primeiras dioceses da fundação do cristianismo no mundo, é de lamentar a exclusão do Sul de Portugal dos papas que nos visitam, de Sagres, Faro, Lagos, Silves e Tavira.
Ainda na segunda visita de João Paulo II, em Maio de 1991, numa visita pastoral de quatro dias, o papa alonga o percurso até Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Funchal… Sempre… sempre o Algarve esquecido dos itinerários papais.
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No próximo dia 11 de Maio, Bento XVI entra em Portugal pelos céus do Algarve.
Depois de Lisboa, naturalmente estará em Fátima, terminando a sua visita na cidade do Porto. O eterno percurso geográfico de um país incompleto.
Muita gente do Sul estimaria ver o Papa pisar a terra Algarvia. O Largo da Sé seria imensamente pequeno para que o papa Bento XVI revivesse os grandes momentos da nossa história. A imensa esplanada de Sagres, o Promontório na história e na lenda do mundo antigo. A Casa do mártir S. Vicente. O Cabo do fim e do começo do mundo, onde o culto vicentino, desde o século IV foi substituindo os de Melqart-Hérculrs – Saturno.
Não podemos responsabilizar Bento XVI dessa ignava situação. Seriam os serviços do Patriarcado de Lisboa a rectificar o que pode e deve ser rectificável.
Recordo uma imagem entre João Paulo II e o nosso bispo emérito D. Manuel Madureira Dias, este em Roma, a dar conhecimento ao papa do local da milenária Ossónoba, satisfazendo a curiosidade do saudoso João Paulo II.