Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A paróquia e a freguesia de Sagres celebraram ontem os 500 anos da sua criação.

Foi precisamente a 12 de novembro de 1519 que, por carta régia, D. Manuel I fundava aquela freguesia do extremo barlavento algarvio e na mesma data o então bispo do Algarve D. Fernando Coutinho criava também o priorado da vila de Sagres.

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“Sentimo-nos herdeiros desta decisão, que para sempre havia de marcar a história de Sagres e dos seus habitantes”, começou por afirmar ontem o bispo do Algarve, na eucaristia a que presidiu na igreja de Nossa Senhora da Graça, na Fortaleza de Sagres, após a cerimónia que teve início com o hastear da bandeira e hino nacional, a leitura da carta régia fundacional, a sessão protocolar e o descerramento de uma placa comemorativa.

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D. Manuel Quintas fez questão de enaltecer os “princípios cristãos que nortearam” a vida do Infante D. Henrique “e o motivaram na concretização dos sonhos de «dar novos mundos ao mundo»” e realçou que “os oceanos e os mares abertos por portugueses destemidos e ousados deixaram de constituir obstáculos misteriosos e desconhecidos, transformando-se em meios privilegiados de aproximação de povos e culturas”.

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“Contemplando desde Sagres o oceano imenso que se estende diante de nós a perder de vista, sentimo-nos transportados pelas rotas abertas pelos navegadores portugueses para todos os recantos do mundo que Sagres evoca naqueles que a visitam, como encontro de culturas e apelo universal à fraternidade humana e cristã”, sustentou na eucaristia concelebrada pelos padres José Chula e António Moitinho de Almeida, respetivamente, pároco e vigário paroquial de Sagres.

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O prelado alertou, por isso, que “um país, uma paróquia ou uma freguesia que recusasse rever-se naqueles que, de modo tão admirável e insigne, as constituíram e edificaram, poderia transformar-se num país sem credibilidade”, advertindo que “um país sem identidade e sem credibilidade é um país sem crédito, sem presente e sem futuro”.

D. Manuel Quintas considerou assim que a efeméride constitui “apelo a enfrentar, com a coragem do passado, as tormentas do presente e a projetar com ousadia e audácia o futuro”.

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Na sessão protocolar, que contou também com a presença da diretora regional de Cultura do Algarve, Adriana Nogueira, o bispo do Algarve já tinha dito que gostaria que a celebração da efeméride constituísse “mais uma oportunidade de repensar aquilo que seria mais oportuno, necessário e urgente para que Sagres tenha as condições de acolher” quem a visita.

 

O presidente da Junta de Freguesia também se referiu a essa necessidade. Luís Paixão apresentou um resumo da história daquele território do Cabo de São Vicente até ao Martinhal, que começou em 1443, com a sua doação ao Infante D. Henrique para ali criar o seu povoado. Território que foi concelho até 1836, data em que foi extinto. O autarca explicou, no entanto, que alguns séculos antes de Cristo já se fazia referência ao local que depois acabou por ter a designação de sacro (sagrado) já no período romano.

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Também o presidente da Câmara de Vila do Bispo destacou que “Sagres tem uma história que, por si só, vale muito” e que “a freguesia é, tantas vezes, mais conhecida do que o próprio concelho”. “Acredito que, com o tempo, possamos ver reconhecida a importância deste território que é o mais visitado do Algarve e um dos mais visitados deste país, que requer e merece um forte investimento do Estado Português”, desejou Adelino Soares.

 

A festividades do aniversário tiveram início no passado sábado com um concerto da Banda Filarmónica Lacobrigense 1º de Maio, na igreja de Sagres. Ontem prosseguiram com um concerto pela Banda da Armada no pavilhão multiusos. Hoje será celebrada uma missa de sufrágio pelo infante D. Henrique, pelas 15h30, na igreja da Fortaleza, seguida da deposição de uma coroa de flores junto à sua estátua e no dia 16 será realizada no pavilhão multiusos uma ceia quinhentista que será antecedida, pelas 18h30, com cortejo com animadores e comensais, seguido de uma encenação da fundação de Sagres e da sua paróquia.

As comemorações encerram-se no dia 17 com festa popular no pavilhão multiusos que incluirá marchas, danças quinhentistas e baile com início pelas 13h.