A Eucaristia de Dia de Ramos foi hoje celebrada pelo Bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas, já com a presença de fiéis. Na catedral de Faro, pelas 11h00, o Bispo Diocesano recordou que, este ano, tal como aconteceu parcialmente em 2020, o caminho quaresmal (tempo de preparação para a Páscoa) foi percorrido numa situação em que os católicos estiveram «privados da celebração pública da Eucaristia, devido à pandemia» e que esta «continua a condicionar a nossa vida, inclusive o não nos ser possível realizar a habitual e sempre participada procissão de Ramos, entre a Igreja da Misericórdia e a nossa Igreja Catedral».
«Com esta celebração», explicou D. Manuel Neto Quintas, «iniciamos a Semana Santa, também denominada Semana Maior, pelos mistérios centrais (maiores) da nossa fé, que nela celebramos e para que, celebrando-os, possamos progredir no caminho de santidade». Recordou, depois, que as leituras deste Domingo apresentam dois episódios da vida de Jesus: a sua entrada triunfal em Jerusalém, em que é acolhido como o Messias (metáfora da sua ressurreição e vitória sobre a morte) e a sua Paixão (onde se conhecem os pormenores da sua prisão, acusação e crucificação).
Este Jesus que caminha, desde a sua chegada triunfal à Cidade Santa, em direção ao Calvário é vítima da «inconsistência da adesão do Povo», «à qual estamos todos sujeitos e que espelha a nossa fragilidade humana», referiu o prelado algarvio, desafiando os fiéis a refletirem sobre o caminho percorrido ao longo da Quaresma. E sugere «a mensagem que o Papa Francisco ofereceu a toda a Igreja, sobre as virtudes teologais e que intitulou: Quaresma – tempo para renovar a fé, a esperança e a caridade», indicando alguns tópicos para reflexão nestes últimos dias que antecedem a Páscoa.
O primeiro desses tópicos é o que que «a Quaresma é um tempo para acreditar, ou seja, para acolher Deus na nossa vida permitindo-Lhe «fazer morada» em nós (cf. Jo 14, 23)», disse o Bispo do Algarve citando o documento papal. E salientou que a Fé nos permite ter uma relação com Deus e, como tal, é essa fé que nos permite «receber de coração aberto o amor de Deus (caridade), que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo».
Também a esperança é o motor para que possamos agir como verdadeiras testemunhas de Cristo e, por essa razão, o prelado algarvio afirmou que, «para fortalecer a esperança» se torna indispensável «o recolhimento e a oração silenciosa, como inspiração e luz interior, que ilumina desafios e opções da própria missão; por isso mesmo, recomendava-nos o Papa, é fundamental recolher-se para rezar (cf. Mt 6, 6) e encontrar, no segredo, o Pai da ternura». Por fim, a caridade é «a mais alta expressão da nossa fé e da nossa esperança», «é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos gerando o vínculo da partilha e da comunhão; é dom que dá sentido à nossa vida e graças ao qual consideramos quem se encontra na privação como membro da nossa própria família, um amigo, um irmão», mencionou.
Assim, concluiu, «a vivência de cada uma das três virtudes teologais supõe a vivência das outras duas. A fé, sem a caridade, é morta; a fé e a caridade, por sua vez, abrem-nos para a vivência da esperança, atitude fundamental de quem é peregrino» e, destacou, a fé entendida como «peregrinação ao longo da vida, supõe a relação e a coexistência com a esperança e a caridade». Do mesmo modo, é na esperança que se aprende, na conceção do Bispo do Algarve, «a desejar o nosso encontro definitivo com Deus» e «só a fé fundamenta a esperança e esta é marcada pela tensão da eternidade. Acreditar é aprender a amar e aprender a esperar». E terminou, dizendo que «a caridade revela o rosto multifacetado da fé e da esperança, presente nas diferentes obras de misericórdia».
Por tudo isto, D. Manuel Neto Quintas exortou os fiéis algarvios a iniciar a «Semana Santa, conscientes da exigência transformadora da fé, da esperança e da caridade, penhor da presença e da ação do Espírito Santo nos batizados, garantia de conversão e de fidelidade a Cristo» e convidou-os a participar «na celebração do tríduo pascal [a celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus], tendo presente a perspetiva sugerida por cada uma das virtudes teologais».