A Diocese do Algarve realizou pela primeira vez, no passado dia 21 de janeiro, um encontro diocesano com os catequistas de adultos.
A iniciativa, promovida através do Setor Diocesano da Educação da Fé dos Adultos, decorreu no Centro Pastoral Beato Vicente, em Albufeira, e foi orientada pelo padre Flávio Martins, responsável por aquele organismo.
Ao Folha do Domingo, o sacerdote explicou pretender que o encontro se torne numa atividade anual, à semelhança da que acontece para os catequistas da infância e adolescência. “Julguei oportuno, para começarmos a dar já algum vigor à catequese de adultos na nossa diocese e valorizar este setor, fazer este encontro”, contou, acrescentando esperar o encontro se possa realizar “com temas relacionados com a catequese de adultos e, quem sabe, um dia mais tarde fazer também alguns encontros formativos para formar novos catequistas de adultos”.
A reunião, para além de ter como objetivo conhecer um pouco a realidade de cada paróquia, teve sobretudo um caráter formativo, servindo para apresentação da estrutura básica da caminhada de preparação dos adultos para a receção dos sacramentos da iniciação cristã: batismo, confirmação (crisma) e Eucaristia.
O padre Flávio Martins referiu-se detalhadamente ao tempo de preparação para a receção daqueles sacramentos, cuja primeira fase é a do pré-catecumenado, um tempo que disse ser “de procura e amadurecimento”, “de experiência provatória”, que “pode ser um ano, um ano e pouco”, durante o qual “é necessário mostrar sempre algum sinal de que querem verdadeiramente receber os sacramentos”. O sacerdote acrescentou tratar-se de “um caminho espiritual para os adultos”, mas que pode ser feito com jovens a partir dos 16 ou 17 anos sem caminhada cristã.
Segue-se depois a fase do catecumenado, “um tempo de vários anos” com “catequeses e ritos” que começa com o rito de admissão, realizado na Sé de Faro pelo bispo do Algarve, na véspera do primeiro domingo da Quaresma. “Temos de partir do princípio de que aqueles que vêm para a catequese não trazem nada, nem formação espiritual, nem religiosa, nem cristã, nem sabem rezar”, afirmou, acrescentando ser preciso que os catecúmenos (designação dos candidatos aos sacramentos da iniciação cristã) recebam a instrução necessária e comecem “a dar sinais visíveis para o catequista também se aperceber de que começa a haver uma mudança”.
“Não relativizemos nem afrouxemos o tempo de catecumenado. É um pedido que faço, não é imposição”, apelou, acrescentando que “o tempo do catecumenado é o tempo maior da preparação” e que “é preciso muita prudência”. O sacerdote lembrou que “a catequese deve levá-los a um desejo de participar plenamente na Eucaristia” e que é necessário “perceber se a pessoa, de facto, está preparada ou não para dar o passo seguinte ou se deve permanecer ainda mais um tempo no catecumenado”. “Estamos a caminhar. Não estamos a concorrer para ver quem é que chega rapidamente aos sacramentos”, alertou, lembrando que “deve haver uma catequese adequada, com celebrações da palavra, instrução sobre os dogmas e preceitos da Igreja”, o ensino da “tradição”, o “conhecimento íntimo dos mistérios da salvação que desejam e dos sacramentos que vão receber”.
Este tempo termina com o rito de eleição dos catecúmenos, quando o catequista assume perante a Igreja que o catequizando – neste caso o catecúmeno – pode ser eleito, ou seja, que está preparado para receber os sacramentos da iniciação cristã. “Aqui está a questão do garante, aquele que garante, perante a Igreja, que o catecúmeno dá sinais de conversão interior”, reforçou o sacerdote, explicando que esses sinais são o “testemunho da sua vida e profissão da fé” e a “evangelização e edificação da Igreja”, “o desejo e aproximação com Deus” e o “caminho da oração”.
Após o rito de eleição, realizada no Sé de Faro pelo bispo do Algarve no primeiro domingo da Quaresma, os candidatos entram numa nova fase do seu catecumenado – a purificação e iluminação, – deixando de ser catecúmenos para passar a ser eleitos, ou seja, escolhidos. “A purificação e iluminação é o tempo da Quaresma para aqueles que já foram eleitos e têm uma preparação mais intensa para os sacramentos que irão já celebrar na Páscoa”, explicou o padre Flávio Martins, acrescentando ser “um tempo de maior preparação, de recolhimento espiritual” em que são feitos os escrutínios. Aquele responsável disse ser preciso “verificar se são idóneos para serem considerados eleitos e terem então acesso aos sacramentos”. “É preciso sermos muito verdadeiros e usando a verdade somos misericordiosos também com as pessoas que nos procuram”, aditou.
Seguidamente à receção dos sacramentos da iniciação cristã, os neófitos (novos filhos) iniciam um período de mistagogia em que são inseridos na vida da Igreja, uma integração que disse dever ser feita “a pouco e pouco na comunidade dos fiéis”. “Os sacramentos será um momento alto, mas não é o objetivo final. O objetivo é que eles depois continuem a caminhada de vida cristã”, sustentou, defendendo que os neófitos “não devem ser logo deixados” sem apoio para que possam “continuar a aprofundar esta caminhada”.
No encontro, participado por cinco catequistas das paróquias de Albufeira, Boliqueime,
Ferreiras, Olhão, Paderne e Quelfes e do vicariato do Siroco (Olhão), o sacerdote apresentou ainda alguns subsídios que aqueles educadores podem usar na catequese de adultos.