O bispo do Algarve disse esta manhã na Missa Crismal a que presidiu na Sé de Faro que a “desafiante missão para a Igreja neste tempo pós-pandemia” implica “adultos na fé identificados com o testemunho de Paulo, abertos a uma nova consciência de pertença, de participação e de corresponsabilização comunitária e eclesial”.
D. Manuel Quintas referiu-se ao Sínodo dos Bispos sobre o tema da sinodalidade como um dos “dois acontecimentos cheios de significado na vida da Igreja” e no exercício do ministério ordenado de padres e diáconos.

“Acolhemos este tempo sinodal como um tempo de graça para toda a Igreja e de um modo para a nossa Igreja diocesana. Não podemos separar este caminho da proposta que neste momento é objeto de partilha entre nós para uma nova organização pastoral paroquial em chave missionária”, declarou, confirmando que a diocese algarvia pretende “corresponder ao pedido do Papa Francisco em ordem a uma renovação inadiável da Igreja, pedido que resulta do seu sonho já tantas vezes repetido, mas ainda não suficientemente correspondido” de “uma opção missionária capaz de transformar tudo para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual do que a autopreservação”.

No final da celebração foi entregue aos membros do clero o discurso do Papa Francisco proferido no Simpósio Internacional «Para uma Teologia fundamental do sacerdócio», realizado entre 17 e 19 de fevereiro deste ano. “Para uma melhor e mais aprofundada compreensão do que nos é pedido, tereis à vossa disposição no fim desta eucaristia, caros padres e diáconos, uma pequena brochura com a recomendação de que apesar da sua partilha já iniciada nas reuniões de vigararia, certamente oportuna e proveitosa, o retomeis em ambiente de Quinta-feira Santa, onde nascemos como padres e diáconos, onde fortalecemos o nosso ministério e onde percebemos que não há conversão de estruturas sem uma efetiva conversão pessoal”, sugeriu o bispo diocesano.

“Sabemos como se torna necessário e mesmo imprescindível o nosso contributo para conseguir quanto nos propomos e nos pede a Igreja: unir a disponibilidade à generosidade e ao entusiasmo por Cristo, pelo evangelho e pelo povo de Deus que nos foi confiado”, prosseguiu o responsável católico.

D. Manuel Quintas abordou ainda o outro acontecimento que considerou ser a terceira edição do Missal Romano em língua portuguesa. “Acolhemos esta nova edição como uma oportunidade para conhecer melhor as razões que lhe estão subjacentes e interiorizar os seus princípios inspiradores”, afirmou, acrescentando que a nova publicação deve ser ainda “acolhida como um verdadeiro guia espiritual e pastoral da vida de cada cristão”, particularmente da de padres e diáconos, como “ministros da palavra e da Eucaristia”. “Possa esta nova edição do Missal Romano contribuir para crescermos todos, clero e fiéis, numa mais cuidada cultura eucarística como nos recorda e nos pede o Papa Francisco”, pediu.

A terminar pediu aos leigos que continuem a “crescer na estima” pelos párocos. “Rezai cada dia por eles e por mim, para que o nosso amor fiel a Cristo se alimente cada dia no testemunho da palavra que vos anunciamos e se fortaleça sempre mais no dom da Eucaristia que vos distribuímos, para que a nossa entrega sem reservas a Ele e a esta nossa Igreja diocesana seja sinal e transparência de Cristo, o bom pastor, que continua a dar a vida pelas suas ovelhas”, apelou.

Aos sacerdotes pediu-lhes que “apoiados nos diáconos permanentes” estimem os fiéis que lhes estão confiados. “Distribui-lhes com magnanimidade e generosidade os dons dos quais o Senhor vos fez fiéis servidores. Permaneçamos todos firmes na oração pela perseverança também dos nossos seminaristas e para que o Senhor faça surgir nas nossas comunidades vocações de consagração de modo que não faltem servidores de Cristo e do evangelho”, concluiu.

O bispo do Algarve lembrou ainda os sacerdotes da diocese falecidos recentemente e os que se preparam para celebrar as bodas de prata e de ouro sacerdotais.
A celebração ficou ainda marcada pela renovação das promessas sacerdotais feita pelos padres e pela bênção dos óleos dos catecúmenos e enfermos e pela consagração do óleo do Crisma, que serão usados durante o próximo ano na administração dos sacramentos do Batismo, Crisma, Ordem ou Santa Unção, ou na dedicação dos altares ou de novas igrejas.