O Movimento da Mensagem de Fátima (MMF) na Diocese do Algarve realizou no passado sábado a sua assembleia diocesana em Faro, na qual tomou posse a nova equipa do Secretariado Diocesano nomeada pelo bispo do Algarve no passado dia 27 de julho.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A tomada de posse decorreu na Eucaristia presidida pelo padre António de Freitas na igreja de São Luís, após a oração da manhã e a conferência que o sacerdote proferiu, subordinada ao lema deste ano para aquele movimento: “Levanta-te! És testemunha do que viste”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Tendo em conta o contexto pastoral da Diocese do Algarve, onde a tónica se coloca no apelo à renovação, o orador referiu-se a esta segundo três perspetivas. A primeira como “conversão pessoal e comunitária, mas sempre permanente, daqueles que já são membros do Movimento e para os quais o próprio Movimento também deve ser visto como um instrumento de permanente apelo à conversão e à santidade e não apenas uma estrutura de manutenção da religiosidade já adquirida e, por vezes, cristalizada”. A segunda referente à “inclusão e integração de novas pessoas no Movimento” e a terceira relativa à inclusão de jovens”.

O padre António de Freitas realçou ainda o “ponto crucial” na vida de qualquer cristão que é o do testemunho e desafiou o movimento a “promover espaços da compreensão dos mistérios da vida de Cristo e também de Maria a partir da palavra de Deus”, à “compreensão do terço como contemplação dos mistérios da vida Cristo, na companhia de Maria”, à “oração como força intercessora em que se sabe ler os acontecimentos da vida dos homens e elevá-la a Deus”, à “centralidade eucarística” tendo “a Eucaristia como sacramento de Salvação e devoção eucarística como encontro da humanidade com Jesus”, a “contribuir para o melhor conhecimento da vida de Maria junto dos jovens e do seu exemplo como discípula de Jesus”, a “fazer descobrir a oração do Rosário aos jovens, como possibilidade de se fazer acompanhar por Maria na contemplação da vida de Jesus e na abertura aos outros por quem se reza (intercessão)” e à “força e centralidade de uma vida Eucarística (presente na mensagem de Fátima)”, ajudando “os jovens a compreender o que se celebra na Eucaristia” e “a estar em oração com Jesus presente na Eucaristia”, a “encontrar no Sacrário o lugar do encontro e onde a vida se faz e refaz”.

Depois do almoço, realizou-se no salão paroquial a apresentação do plano de atividades para este ano pastoral 2022/2023. Bruno Alexandre explicou ao Folha do Domingo tratar-se de “um plano que tem como tónica não só o retornar à convivência, à comunidade e à comunhão entre todos, mas também a questão da adoração infantil e a reativação de secretariados paroquiais que estão mais fracos”. “Neste momento temos apenas três secretariados paroquiais ativos na nossa diocese. O movimento tem representação na maioria das mais de 80 paróquias algarvias, mas representação institucional, de acordo com os regulamentos e as normas, ou seja, com Secretariado Paroquial constituído que tenha responsáveis, existe apenas em três paróquias: Monchique, São Luís de Faro e Olhão”, declarou.

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Aquele responsável explicou que o movimento conta com 37 coletores paroquiais, responsáveis por entregar os jornais ‘Voz da Fátima’ que são o “elo ao Secretariado Nacional”, sendo que alguns abrangem mais do que uma paróquia. “Devemos ter representação em mais de metade das paróquias do Algarve”, contabilizou, lamentando que em determinadas zonas como o nordeste algarvio ou o extremo sotavento o movimento não tenha ainda expressão.

“Mas esse não é de todo o modelo ideal porque não é só por entregar a ‘Voz da Fátima’ que se é um mensageiro de Fátima. Temos também de nos preparar, fazer encontros de oração, fazer a meditação da palavra de Deus e também formação cristã”, acrescentou.

Durante a apresentação do programa de atividades, Bruno Alexandre desafiou os coletores a trabalharem dois a dois, considerando que o modelo de coletores “uma excelente oportunidade de evangelização”. “Precisamos de pessoas que consigam, através da pedagogia própria do nosso movimento, chegar às crianças e também tocar a coração dos pais”, afirmou.

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O presidente do Secretariado Diocesano do MMF anunciou ainda que aquele organismo reunirá na terceira segunda-feira de cada mês e fará também reuniões com os secretariados paroquiais e formação para catequistas para a criação de grupos de “pequenos mensageiros”.

O MMF promoverá ainda em maio o “Dia do Deserto”, em Loulé, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como Mãe Soberana. Serão ainda realizados encontros de oração para crianças, jovens e adultos e retomada a Devoção dos Cinco Primeiros Sábados, em Faro com o padre António de Freitas, por enquanto na ermida de São Luís e depois das obras na Sé naquela catedral, e em Monchique com o padre Tiago Veríssimo.

Foram ainda anunciadas visitas às paróquias para “brincar à moda dos pastorinhos” com as crianças da catequese, através de jogos tradicionais, para adoração eucarística com crianças e jovens e para divulgação do movimento junto dos responsáveis comunitários: catequistas, animadores de grupos de jovens, pais dos catequizandos.

O Secretariado divulgou ainda a realização de peregrinações a Fátima em setembro de 2023 com doentes e com idosos e a participação nas peregrinações nacionais das crianças em junho e do movimento em julho.

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O bispo do Algarve, que esteve presente na parte da tarde, agradeceu aos novos membros do Secretariado Diocesano por aquele “serviço à diocese”. “Eu conto convosco. A diocese conta convosco, mas vós contai também comigo para aquilo que achardes conveniente”, começou por dizer D. Manuel Quintas.

Aquele responsável católico considerou que “os movimentos enriquecem quem a eles pertence porque são um auxílio a viver bem a vocação batismal”. “Os movimentos na Igreja ajudam-nos a ser melhores cristãos, melhores discípulos de Jesus”, afirmou, acrescentando: “sendo melhores cristãos estamos a enriquecer a Igreja, a Igreja diocesana e a Igreja toda, vivendo a espiritualidade desses movimentos”. “Aquilo que vos exorto é a falardes desta experiência para que outros possam sentir também essa ajuda que vós encontrais”, pediu, considerando que aquelas formas de vida cristã na Igreja se designam por movimento “porque têm a sua fonte no Espírito Santo”.

O encontro contou ainda com a presença do presidente nacional do MMF. Filipe Ferreira pediu aos mensageiros que não se preocupem com o número de membros. “Preocupemo-nos com a nossa vivência”, exortou, apelando aos presentes que “não percam a oportunidade de rezar o terço em comunidade”.

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Por outro lado, referiu que “a exigência de ser mensageiro da mensagem de Fátima é estar atento ao que é que é mais preciso”. “Um coletor de jornais não é um distribuidor de jornais. A função principal pode parecer que é distribuir o jornal, mas não é. É o conhecer as pessoas e fazer uma entrega de mão a mão. É esta proximidade do serviço ao outro que queremos fazer”, afirmou.

Filipe Ferreira considerou ainda serem os mensageiros que complementam a experiência de fé que se possa fazer no santuário. “Fátima pode dar alguma experiência de fé, mas são vocês que lhe dão continuação”, afirmou.

Ao Folha do Domingo, aquele responsável explicou que o Secretariado Nacional se propôs “conhecer a vida dos secretariados diocesanos e paroquiais pelas várias dioceses do país”. “Não é possível eu servir o movimento se não conhecer os mensageiros”, diria também aos presentes. Como grandes diretrizes para este ano pastoral de 2022/2023 apontou a vivência também do Sínodo sobre a sinodalidade para que o movimento, que já tem como objetivo “renovar a Igreja por dentro”, também se tente rever nessa “nova maneira de pensar e naquilo que os seus associados são capazes de discernir em grupo”. Outra linha programática disse ser a que advém do tema que será comum ao Santuário de Fátima e à Jornada Mundial da Juventude 2023: “Maria levantou-se e partiu apressadamente”. “Este tema pede-nos para que saiamos das nossas portas e possamos levar a palavra de Deus e também esta realidade da mensagem de Fátima às pessoas que estão à nossa volta”, afirmou.

Filipe Ferreira regozijou-se ainda que a renovação do Secretariado Diocesano do Algarve do MMF. “Este Secretariado vai no bom caminho. Agora tem de fazê-lo e o caminho é evangelizar, difundir a Mensagem de Fátima das várias formas. Algumas coisas terão de fazer como faziam e outras, novas, terão de vir. Está nas mãos deles ver o que é que a diocese mais precisa”, concluiu.

O encontro contou com participantes das paróquias de Lagoa, Luz de Tavira, Monchique, Montenegro, Olhão, Quarteira, Santa Bárbara de Nexe, São Luís e Sé de Faro.