(esperança, futuro e outras coisas…)
“- Sinto-me agitado com tudo o que tenho para fazer em tão pouco tempo e olho para a frente e não vejo nada, está tudo difuso. Isto desconforta-me. Não gosto de tatear, gosto de andar firme e seguro em chão firme, de queixo levantado e firmeza no olhar. Os riscos são calculados por mim, as previsões agendadas no tempo e as surpresas, (quase) previsíveis- dizia-me.
“- Pois, pois… mas o futuro não é um tubo de ensaio, onde, com uma pipeta pressionada por ti, jogues lá para dentro as doses daquilo que consegues e queres calcular, agites a dose do que misturas e olhes para a junção dos elementos da equação. O futuro será sempre difuso, pois pertence à dimensão do-que-ainda-não-foi. Se te ajuda a compartimentá-lo em expectativas e suposições, em timmings e riscos calculados e em prós e contras para as tuas decisões, boa, podes fazê-lo, até é um exercício que te pode ajudar a ordenar ideias, mas quereres clareá-lo e pô-lo transparente como o vidro de uma montra imaculada, onde projetas o amanhã, com uma régua e um esquadro, não conseguirás fazer. Terá sempre algo de difuso e de senhor-de-si, que não se dá, todo, a conhecer, com uma sobranceria que é o que é. Resta-te aceitar essa contingência, mas não resignado. Confiante, otimista e cheio de esperança, arrojado, decidido e voluntarioso. Essas serão as armas para o encarares, ao futuro, para que ele, em cada dia, se torne presente.”
E porque não fazer destas palavras que lhe disse, aquelas que repito para mim própria neste início de ano civil? É que este exercício de confiança deve ser constante, mesmo perante aquele senhor sobranceiro chamado futuro. Sob pena de deixarmos de ter esperança. E essa, será sempre coisa-assim-como-que tão vital, tão importante, tão terapêutica, tão certa e tão, mas tão boa!
(Achei que estas podiam ser palavras certas para este ano que começa!)