O Comité Organizador Local (COL) para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 tinha desafiado as dioceses portuguesas a realizarem, através dos Comités Organizadores Diocesanos (COD), no passado sábado, 25 de março, uma vigília de oração por aquele encontro.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

As dioceses da Província Eclesiástica do Sul – Algarve, Beja e Évora – uniram-se para responder ao repto e o resultado foi cerca de 500 participantes reunidos na cidade de Beja com os seus bispos a rezar noite dentro não apenas pela JMJ, pela sua preparação e pelos seus frutos, mas também por si mesmos como destinatários principais do encontro com o Papa em agosto deste ano em Lisboa.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Antes aproveitaram para fazer festa, conviver e realizar uma atividade durante a tarde que teve início no Seminário de Beja e que não deixou indiferente que os viu passar na rua em grandes grupos. O bispo do Algarve, a quem coube o acolhimento aos participantes, disse-lhes que “o grande segredo da JMJ é a novidade”. D. Manuel Quintas desafiou-os, por isso, a “alargar o círculo” de relações para saírem dali mais enriquecidos como “expressão da Igreja” que está para além das paróquias e dioceses daquela Província Eclesiástica. “Teremos oportunidade em Lisboa de nos abrir ao mundo e isso gostaria que já fosse hoje vivido por cada um de nós. Misturem-se, convivam, abram-se aos outros, escutem-se uns aos outros, digam as motivações que vos levaram a passar a tarde aqui, juntos, nesta diocese que nos acolhe e podeis ter a certeza de que isso será um grande impulso para a vivência da JMJ em Lisboa”, pediu.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Um dos três representantes presentes do COL, Daniel Frutuoso, anunciou que aquele organismo prevê conseguir acompanhar naquelas dioceses, através da sua representação, a semana que antecede a da JMJ, designada ‘Dias na Diocese’.

Divididos em três grupos, os jovens rumaram depois a diferentes igrejas da cidade para participarem em igual número de ateliês. No primeiro, intitulado ‘Prepara a mochila’, abordou-se a preparação para a JMJ; no segundo, designado ‘Veste a camisola’, aconselhou-se a motivação adequada para viver o encontro; e no último, denominado ‘Arregaça as mangas’, refletiu-se sobre o pós-jornada e a forma de “abraçar a missão” que dela decorre.

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No primeiro ateliê, preparado pelo COD do Algarve para a JMJ – depois de uma dinâmica que pediu aos participantes para descreverem numa palavra o que esperam da JMJ –, o bispo do Algarve lembrou que a motivação de “cada um” é “mais importante” do que tudo o que importa levar na mochila. “Chamo a atenção para a preparação e a atitude interior”, destacou, acrescentando que tem de ser o encontro com Cristo, feito através dos momentos com “tantos jovens, culturas e línguas”, “a grande motivação da participação” na JMJ.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

No segundo ateliê, promovido pelo COD de Évora, após serem convidados a responder à pergunta “Qual achas que vai ser o ponto mais alto da JMJ?”, os jovens foram elucidados sobre a predisposição que devem levar para o encontro com o Papa.

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No último ateliê, levado a cabo pelo COD de Beja, o bispo daquela diocese pediu aos jovens que se abram a Cristo. “Termos esta jornada em Portugal é uma oportunidade ótima para vos encontrardes com o Senhor, com aquele que vos ama como vós sois”, afirmou D. João Marcos, garantindo-lhes que a sua vida “foi bastante marcada” pelas cinco JMJ em que participou. “Em cada uma delas, Deus manifestou-se de forma diferente. Estai abertos a Cristo. Cristo, nosso Senhor, nunca se repete, sempre nos surpreende. Tende coragem, o Senhor ama-vos muito”, sustentou.

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Aquele momento de partilhas ficou também marcado pela de Getúlio Bica. O algarvio lembrou a participação nas JMJ de Colónia, Madrid e Rio de Janeiro, explicando que esta última foi a que motivou a “viragem” da sua vida, levando-o a passar de segurança a seminarista. “A JMJ abriu-me também o horizonte”, contou, referindo-se à “inquietação de ser feliz” que sentia e que, naquele encontro, percebeu que só seria colmatada se abraçasse a vocação a que se sente chamado.

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O seminarista, que será ordenado diácono rumo ao sacerdócio no próximo mês de abril, recordou a lição do “sorriso nos lábios” dada pelos moradores da favela do Alemão aos jovens na visita que lhe fizeram, para lançar um desafio aos participantes na JMJ 2023. “Portugal tem um povo caloroso que sabe receber. Vamos receber a JMJ com toda a intensidade, com toda esta força de vontade que está dentro de nós, este sorriso que também é caraterístico do povo português. A JMJ foi-me ajudando a abrir o horizonte, a não ficar só em mim e a olhar para outro. Então é isso que somos convidados a fazer”, pediu.

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Também André testemunhou a importância da participação nas JMJ de Paris, Roma, Toronto, Colónia e Sidney na sua vida e da sua família. Aquele pai de seis filhos (incluindo dois já falecidos) referiu que os “testemunhos” de jovens naqueles encontros “ainda hoje” o marcam e contou ter sido no de Toronto que conheceu a esposa e no regresso do de Sidney que decidiram casar.

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De regresso ao final da tarde ao Seminário de Nossa Senhora de Fátima, os jovens foram convidados a deixar uma inscrição num mural preparado para o efeito. Após o jantar partilhado, iniciaram na capela do edifício a vigília de oração presidida pelo bispo de Beja e concelebrada pelos bispos das restantes dioceses. A celebração foi também concelebrada por vários padres das três dioceses.

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Depois dos ritos iniciais e da bênção das velas, os jovens iniciaram a procissão com o andor de Nossa Senhora de Fátima e com a réplica da cruz das JMJ pelas principais ruas da cidade até à Sé de Beja. Chegados à catedral, a vigília prosseguiu tendo como ponto alto a adoração eucarística que incluiu um longo momento de celebração do sacramento da Reconciliação.

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No final da oração, o bispo do Algarve desejou que os jovens saíssem daquele encontro “mais fortalecidos” na decisão de participar na JMJ. “Atenção que a vossa missão não acaba no dia 6 de agosto, mas começa outra missão. E nós, como bispos do sul, precisamos de vós, precisamos da vossa juventude, generosidade, alegria, irreverência. Jesus vai continuar a precisar de vós”, afirmou D. Manuel Quintas.

Já o arcebispo de Évora considerou a convocatória para a JMJ “uma forma estupenda e maravilhosa” de “pôr em movimento” e de “convocar” e “chamar para a missão”. “Vai começar um tempo novo, do rejuvenescimento da Igreja porque vós não sois a Igreja do amanhã e do futuro. Vós sois a Igreja do hoje, do agora e do aqui. O vosso lugar está cativo na Igreja. A Igreja é a vossa casa, vós sois a Igreja com um rosto jovem de um Cristo que não envelhece”, afirmou D. Francisco Senra Coelho, que encetou um exercício de previsão dos frutos da JMJ. “Eu estou a olhar para o pós-JMJ e estou a ver grupos paroquiais, movimentos renovados, carismas redescobertos e jovens a encontrar a vida e a dar a vida”, augurou.

Os 160 jovens do Algarve que rumaram a Beja em três autocarros, acompanhados pelo bispo da diocese, regressaram a casa já na madrugada de domingo.