“As mães são as primeiras a levantarem-se. Agarram nos filhos, abrem as portas de rompante e correm.”
(relato de uma situação de caos e pânico antes de um bombardeamento), P. 307
“Onde crescem os limoeiros”, de Zoulfa Katouh, Editorial Presença

Há uma frase que ouvi há anos, não sei onde, ou de quem e que uso muitas vezes que é “a Natureza é feminina”. Acho-a engraçada, pois faz jus àquela capacidade feminina (ou, no senso comum, mais atribuída às mulheres), de serem capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo, de conseguirem gerir uma série de coisas, de terem vários filhos, na vida e nos pensamentos, de terem um sentido prático apurado, resolvendo uma coisa aqui e já antevendo outra ali e acoli. Se fizer uma analogia rápida pelos conhecimentos rudimentares que tenho do corpo humano, ao imaginar o corpo de uma mulher na sua capacidade de gestação de uma vida in-útero, no pós-parto, na amamentação, no pós-amamentação, nas voltas e reviravoltas que esse corpo dá, sou levada a dar força à frase de início deste texto. Mesmo numa análise muito simplista, claro, que não sou ninguém na matéria.

E depois, vem a maternidade. Essa bênção que dá uma força entranhada, que nos vem das vísceras e que nos dá uma capacidade inexplicável de ter forças e de a obter sabe-se lá de onde, mesmo nas situações mais dolorosas.

Sim, falava-lhe noutras coisas e nisto, no outro dia. Há muito tempo que não a via, mas é uma amiga da família, de todos, de há muito. Daquelas amigas que são e que estão, mesmo que a loucura do dia-dia nos prive do contacto. Os filhos foram criados comigo e com os meus irmãos e ligar-nos-á para sempre essa ternura que vem dos afetos e da história vivida em conjunto na infância, esse marco de tempo que deixa perfume para toda a vida. Está a passar por um momento muito delicado com um dos filhos, uma questão de saúde. Contava-me que passou recentemente por uma série de privações que a fizeram, emocionalmente, fraquejar e que agora nesta situação vivida com o filho, sente uma força vinda não sabe de onde que a mantém de pé. “É essa a força que os filhos dão às mães”, dizia-me e concordo com ela. E sim, se a “natureza é feminina”, a mãe é porto seguro, amparo, colo e fortaleza. É isso que a mãe é. Tenha o filho a idade que tiver. Porque mesmo adulta como sou, também mãe de filhos já adultos como os meus, é em tudo isso que penso quando penso na minha mãe e é essa força visceral que sinto, quando penso nos meus filhos.

Acho que a NATUREZA, para além de “feminina”, também é sábia, muito, muito sábia!