
Ao longo da semana, as atividades do XII Acampamento Regional (ACAREG) do Algarve do Corpo Nacional de Escutas (CNE) que ontem terminou no Vale das Almas, em Faro, inspiraram-se na vida de Teresa de Calcutá e nos hábitos e costumes da Índia, com os escutas distribuídos por cinco campos: Goa, Damão, Diu, Bombaim e Nova Deli.
Os escuteiros da I secção (Lobitos – dos 6 aos 10 anos de idade) chegaram apenas na quinta-feira e começaram por participar em ateliês de confeção de corações (símbolo escolhido para aquela secção escutista) com diversos materiais e técnicas que trocaram entre eles. Tiveram ainda um dia de expedição à ilha do Farol, com jogos de praia e visita ao próprio farol, e outro de visita à Universidade do Algarve, nomeadamente ao Centro de Ciências do Mar, ao Centro de Biomedicina Molecular e Estrutural do Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina e ao horto da Faculdade de Ciências e Tecnologia, onde foram «médicos», «cientistas» e «agricultores» por um dia. No regresso ao acampamento, realizaram um jogo de pistas para conhecerem a cultura da Índia.
Os elementos da II secção (Exploradores e Moços, respetivamente dos ramos terrestre e marítimo, dos 10 aos 14 anos) realizaram um jogo de campo, um raide do acampamento até à Praia de Faro, onde pernoitaram, passando pelo Pontal e Quinta do Lago. Na Praia de Faro realizaram jogos na praia, na água e no areal, e procederam a uma recolha de lixo na Ria Formosa. Em Faro realizaram um jogo de cidade desde a «vila adentro» até às piscinas municipais.
O efetivo da III secção realizou também um raide que passou pelo Ludo e pelo Pontal com dois percursos opostos (sul e norte) e pernoita em Almancil, no largo do mercado. A iniciativa procurou levar Pioneiros e Marinheiros (escuteiros dos 14 aos 18 anos, respetivamente dos ramos terrestre e marítimo), a descobrirem as várias instituições criadas por madre Teresa de Calcutá. Aqueles elementos realizaram ainda uma recolha de alimentos prévia ao ACAREG, que resultou num total de 120 sacos e que entregaram às irmãs Missionárias da Caridade para as famílias carenciadas apoiadas por aquela comunidade religiosa. Na sua passagem pela casa daquelas missionárias, para além de conhecerem o seu trabalho, realizaram atividades com os idosos e as crianças e ajudaram nas diversas tarefas.
Realizaram ainda no acampamento uma atividade em que tiveram de conhecer-se uns aos outros. Na ilha de Faro realizaram jogos de praia, uma “sunset & color party” com Dj e puderam participar em atividades como zumba, esculturas na areia, canoagem, surf, jogos de cooperação e volei, tendo sido ainda filmado um “flashmob” para publicação na internet.
As atividades propostas para os escuteiros da IV secção, que incluíram a visualização faseada de um filme sobre madre Teresa de Calcutá, foram cronologicamente inspiradas na sua vida. Assim, Caminheiros e Companheiros (escuteiros dos 18 aos 22 anos, respetivamente dos ramos terrestre e marítimo) realizaram um raide de 33 quilómetros com a duração de 24h que implicou a pernoita ao relento. O percurso, que passou por Santa Bárbara de Nexe e Estoi com regresso ao campo, incluiu a celebração da eucaristia com compromisso (simbolizado na receção de um lenço alusivo ao sari e de uma cruz) que foi comemorado com uma festa no acampamento.
Os jovens escuteiros, que aprenderam dicas sobre naturopatia na Ria Formosa com duas enfermeiras e duas técnicas do Departamento de Ambiente da Junta Regional do CNE, partiram em missão a quatro instituições – Obra de Nossa Senhora das Candeias (Olhão), Refúgio Aboim Ascensão (Faro), Centro de Bem-estar Social de Nossa Senhora de Fátima (Olhão) e Casa de Santa Isabel (Faro) –, tendo passado o dia com as crianças e jovens institucionalizadas com quem fizeram jogos e outras atividades.
Cada participante do ACAREG foi ainda motivado, mediante tarefas a cumprir, a alcançar os valores defendidos por madre Teresa de Calcutá numa espécie de passaporte para ganhar a “Anilha da Vida”.
Em campo esteve também uma estação de radioamador que estabeleceu contactos com radioamadores de países como Alemanha, EUA, Marrocos, Porto Rico, Rússia ou Holanda.
Em declarações ao Folha do Domingo, o chefe regional do Algarve do CNE considerou que o XII ACAREG superou o esperado pela organização. “A avaliação que fazemos é que foi além das nossas espectativas”, afirmou José Cercas Vicente, adiantando que alguns elementos lesionados tiveram que deslocar-se ao Hospital de Faro apenas por precaução.
A organização do acampamento custou cerca de 55.000 euros, um valor suportado, segundo a Junta Regional, em 50% pelas inscrições e a outra metade por aquela entidade organizadora que prevê realizar o próximo ACAREG em 2018.
O XII ACAREG contou ainda com o apoio da Câmara de Faro, do Moto Clube de Faro, da GNR, das Juntas de Freguesia de Almancil, Sé e São Pedro de Faro, dos Bombeiros Municipais de Faro.
Atualmente, o movimento escutista conta com mais de 25 milhões de elementos no ativo, dispersos por 216 países do mundo. O CNE foi fundado no dia 27 de Maio de 1923, por ação de D. Manuel Vieira de Matos, arcebispo de Braga, e está atualmente presente em todas as dioceses de Portugal, registando um efetivo de 73.000 associados (59.000 crianças e jovens e 14.000 adultos), sendo que no Algarve são cerca de 2.200 pertencentes a 32 agrupamentos.
Segundo a Junta Regional do CNE, os participantes neste ACAREG eram oriundos de 25 agrupamentos do Algarve, de um agrupamento de Santiago do Cacém e de um núcleo de Luanda (Angola).