
A Câmara de Silves manifestou-se hoje contra a aplicação de uma taxa turística nos municípios algarvios, aprovada pela Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), assegurando que está em desacordo com as restantes 15 autarquias da região.
A AMAL anunciou na sexta-feira a aprovação de uma taxa turística do mesmo montante a aplicar no conjunto dos municípios do Algarve e cujas receitas seriam geridas pelas Câmaras, mas a autarquia de Silves, presidida por Rosa Palma (CDU), emitiu hoje um comunicado a afastar a ideia de unanimidade na decisão e a garantir que comunicou a sua posição à associação de municípios antes da reunião em que foi tomada a decisão, na qual não se fez representar.
“Desmentindo a notícia recentemente veiculada pela Associação de Municípios do Algarve (AMAL), por não corresponder à verdade dos factos e à posição do município de Silves, salientamos junto da comunicação social e da opinião pública em geral que a edilidade silvense é contrária à introdução de uma Taxa Municipal Turística na região do Algarve, não acompanhando, por isso, a deliberação tomada pelos restantes 15 municípios”, posicionou-se a autarquia.
A mesma fonte referiu que “não existe unanimidade entre os 16 municípios do Algarve sobre a aplicação da Taxa Turística” e clarificou que “não se fez representar na reunião da AMAL” de sexta-feira passada, “que debateu o assunto”, embora tenha “justificado a ausência e comunicado previamente e por escrito a sua posição que é contrária à aprovação da Taxa Turística”.
A autarquia justificou a sua posição com o argumento de a AMAL ou cada município não poder aplicar uma taxa que é “um imposto ‘encapotado’” e, por isso, “só pode ser instituído pela Assembleia da República (ou pelo Governo com autorização legislativa)”, caso contrário “redundaria num fator de maior desigualdade territorial e aprofundamento das assimetrias intrarregionais” e criaria “efeitos contraproducentes na promoção da atividade turística”.
Também a Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (Acral) manifestou-se contra a adoção de uma taxa turística nos municípios algarvios, mas propôs que, a ser aplicada, as receitas revertessem para um “Fundo de Apoio ao Comércio Local”.
“A ACRAL, como princípio, não é favorável à introdução de uma taxa turística na região, conforme aprovado pela AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve na reunião da última sexta-feira, 09 de março, mas caso a medida avance defende que uma percentagem do valor a estabelecer reverta para um fundo de apoio ao comércio”, defendeu a associação em comunicado.
A Acral considera que esta taxa criaria dificuldades à competitividade do destino ao onerar mais os visitantes, penalizaria ainda mais o setor hoteleiro da região e seria na prática um imposto, porque a taxa “pressupõe a prestação de um serviço, o que não é o caso”.
“Os 16 municípios decidiram pela introdução de uma taxa turística igual para toda a região, não tendo ainda sido definido o valor, embora não ande longe dos valores praticados noutras regiões do país”, disse à Lusa Jorge Botelho, presidente da AMAL, no sábado.
De acordo com Jorge Botelho, os municípios não definiram ainda a data para a entrada em vigor da nova taxa turística, “devendo a mesma ser implementada de acordo com um regulamento comum que será analisado na próxima reunião e, posteriormente, aprovado pelas respetivas assembleias municipais, após uma consulta pública”.