Corria o ano de 1974 quando, no mês de julho, foi fundado o Agrupamento 413 – Ferragudo do Corpo Nacional de Escutas (CNE), na altura como terrestre, tendo passado no início da década de 1980 para o ramo marítimo daquele movimento.



O 50º aniversário foi assinalado no domingo com a celebração da Eucaristia, seguida de uma sessão solene que, para além da efeméride, evocou ainda o lançamento do projeto de construção da sede que deverá arrancar no próximo ano.




Emocionada, a antiga chefe Elisa Coelho apenas conseguiu testemunhar ter sido o seu falecido marido, filho de um carpinteiro naval e, por isso desde criança ambientado às lides marítimas, o fundador do agrupamento. “Trabalhou muito para isso”, garantiu a antiga dirigente que também vivenciou os primeiros passos dos Marítimos de Ferragudo.

O filho do casal – que na infância também integrou logo o movimento e na década de 1980 foi um dos dois primeiros chefes marítimos do Agrupamento – garantiu ao Folha do Domingo que o 413 foi o terceiro agrupamento do ramo marítimo do CNE a ser fundado em Portugal. Jorge Coelho explicou que o Agrupamento de Ferragudo começou por incluir a então denominada “Brigada Vasco da Gama”, tendo-se tornado marítimo progressivamente.



O presidente da Câmara de Lagoa disse ser “uma enorme honra” para o município ter um Agrupamento como o 413 no seu território porque está há “meio século a ajudar a formar as mulheres e os homens” daquele concelho. “É uma verdadeira escola de virtudes que temos de continuar a acarinhar e a dar todas as condições para que possam continuar a desenvolver o vosso trabalho”, sustentou Luís Encarnação na sessão que contou também com a participação da vice-presidente da Câmara, Anabela Simão Rocha, e da vereadora Ana Cristina Martins.


Também o presidente da Junta de Freguesia local se referiu à importância de contar com os escuteiros marítimos. “Continuem a lutar pelos ideais do escutismo e, sobretudo, pelos ideais da amizade, da sinceridade e da natureza”, pediu Luís Alberto, lembrando ter crescido naquele agrupamento.




O capitão do Porto de Portimão renovou o “compromisso” daquela Capitania “em contribuir com tudo aquilo que estiver ao alcance dos seus recursos” para continuar a apoiar o Agrupamento. “Para nós tem um significado muito ímpar porque aproxima os jovens e liga-os à componente marítima que o nosso país tanto tem para dar. Contem com a Capitania como um parceiro sempre ao pé deste agrupamento”, assegurou o capitão-de-fragata Eduardo Luís Pousadas Godinho.
A chefe do Agrupamento não esqueceu o apoio da autarquia e evidenciou que a sua colaboração “tem sido fundamental” para o desenvolvimento das atividades. “Agradecemos profundamente o seu compromisso com a juventude e com a promoção dos valores escutistas”, afirmou Aida Quintião, que agradeceu também à Junta de Freguesia “pelo contínuo apoio”, tanto logístico como financeiro. “Todo este suporte tem sido fundamental para o crescimento desta nossa missão: tornar crianças e jovens em homens do amanhã, homens novos para um mundo novo”, sustentou.


Aquela dirigente destacou que “meio século de história não é apenas um marco no calendário, mas um testemunho e uma vida dedicada com espírito de serviço e de camaradagem”. “Nestes 50 anos enfrentámos desafios, superámos obstáculos e, acima de tudo, crescemos como indivíduos e como unidade. Cada atividade, acampamento e missão no rio e no mar não só nos ensinou habilidades práticas, mas também valores como a responsabilidade e o respeito pela natureza”, prosseguiu.


Aida Quintião disse que, “ao olhar para o futuro, os Escuteiros Marítimos de Ferragudo têm a missão de continuar a formar homens preparados para enfrentar os desafios do mundo, mantendo sempre os princípios que os guiaram até aqui”, “com o mesmo espírito aventureiro e o mesmo compromisso com o serviço à comunidade”. Aos “atuais escuteiros” do Agrupamento lembrou-lhes serem os seus “guardiões”. “Continuem a viver os valores do escutismo com entusiasmo e dedicação. Sejam líderes, seja um exemplo, sejam a força motriz de um mundo melhor”, pediu, garantindo: “Estamos prontos para os próximos 50 anos… brevemente com uma sede”.



Também o chefe regional do Algarve do CNE se referiu a meio século de “conquistas e dedicação”, “desafios” e “inúmeras barreiras” superadas, tendo desde o primeiro dia uma “missão sempre clara: proporcionar um ambiente seguro, de aprendizagem e crescimento para todas as crianças e jovens que passaram e continuam a passar pelo agrupamento, formando assim cidadãos responsáveis e conscientes”.

“Estou certo de que continuarão comprometidos com a qualidade do escutismo que tem predicado até aqui e com a formação integral dos vossos elementos. Que os próximos 50 anos sejam ainda mais prósperos, com novas metas e desafios, sempre guiados pelos valores escutistas e cristãos. Que possam continuar unidos, inspirados e motivados a construir um futuro ainda mais brilhante para o vosso agrupamento”, afirmou João Ramalho, agradecendo aos fundadores e aos restantes chefes do agrupamento, aos pais e a toda a comunidade que confia naquele Agrupamento.
Na Eucaristia, que precedeu aquela sessão e que incluiu um vídeo com testemunhos de várias personalidades a propósito do cinquentenário, o pároco de Ferragudo também agradeceu a todos os elementos do Agrupamento, “de modo particular aos seus chefes pelo trabalho que vêm fazendo ao longo destes 50 anos”. O padre Manuel Condeço incentivou a que possam continuar a ajudar as “crianças, adolescentes e jovens a encontrarem o caminho da fé e a crescer no amor a Deus e ao próximo”. “Na caminhada que fazem tornam-se homens hoje e cidadãos amanhã”, lembrou.


O Agrupamento – que com a pandemia de Covid-19 perdeu mais de 50 elementos dos mais de 150 com que já contava e que tem vindo agora a recuperar efetivos – quis ainda “recordar e homenagear” todos aqueles – chefes, voluntários, pais e escuteiros – que ao longo destes 50 anos lhes “dedicaram um tempo, esforço e paixão” e “deixaram uma marca” na sua história.
A celebração do cinquentenário do Agrupamento teve início há um ano com o lançamento do distintivo que resultou de um concurso interno. No último fim de semana incluiu ainda um arraial popular e prevê ainda este ano a realização de uma exposição de fotografias históricas.
“Sonho” de nova sede foi evocado no 50º aniversário dos Escuteiros Marítimos de Ferragudo