O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve considerou hoje que a renegociação do contrato da subconcessão Algarve Litoral pela Estradas de Portugal promove uma “discriminação” entre algarvios do sotavento e do barlavento.
Jorge Botelho (PS), que preside também à Câmara de Tavira, disse à agência Lusa ter sido apanhado “completamente de surpresa” com o anúncio da renegociação do contrato pela Estradas de Portugal, que deixa de fora da requalificação da Estrada Nacional 125 (EN125) o troço entre Olhão e Vila Real de Santo António.
“A Estradas de Portugal apanha-nos completamente de surpresa, porque estava à espera do retomar das obras com a renegociação do contrato de concessão, não esperava era que a Estradas de Portugal e o Estado português tratassem os algarvios de forma discriminatória”, afirmou o autarca.
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) considerou que, ao prever apenas a requalificação da EN125 entre Vila do Bispo e Olhão, o novo contrato cria “algarvios de primeira, aqueles que têm acesso a uma estrada reabilitada agora nesta segunda versão do contrato de concessão, e algarvios de segunda, aqueles que são remetidos para um tratamento de proximidade das estradas de Portugal”.
Jorge Botelho considerou ser uma decisão “lamentável” porque “o Algarve não merece ser tratado desta forma e os algarvios, e nomeadamente do sotavento, não merecem ser discriminados, nem pela Estradas de Portugal nem pelo Governo.
O presidente da AMAL disse que o Governo fez “uma retirada de um conjunto de quilómetros para aliviar o contrato de concessão” e defendeu que isso “não é renegociação nenhuma”, mas sim uma “redefinição do objeto do contrato”, sem se poder dizer que a 125 vai ser requalificada.
“A requalificação é uma emergência de todo o tempo. É fundamental que a obra avance com grande rapidez. Mas também quero dizer que esta notícia sai a três dias das eleições e o que queremos não é promessas de que vamos fazer, mas quando é que a obra começa”, disse ainda o autarca, referindo que é apontado o prazo de julho para o recomeço das obras, suspensas em 2011, mas o novo contrato ainda tem de ser submetido ao Tribunal de Contas.
O presidente da Câmara de Castro Marim, Francisco Amaral (PSD), outro dos autarcas que viram a requalificação da EN125 ser abandonada no seu concelho, lamentou a decisão e considerou que “os algarvios foram mais uma vez enganados pelo poder central”.
Francisco Amaral frisou ainda importância turística das praias do sotavento, qualificando-as de “primeira qualidade”, servidas por “uma a estrada do terceiro mundo”, com zonas muito degradadas no seu concelho.