Após ter sido digitalizado e carregado já está disponível para consulta pública online o arquivo do jornal Folha do Domingo entre os anos de 1914 e 1963.
O acesso à cópia digital das edições daquele que é o mais antigo jornal do Algarve em publicação é disponibilizado pela Hemeroteca Digital do Algarve em hemeroteca.ualg.pt, um projeto resultante de uma ideia do falecido presidente da Fundação Manuel Viegas Guerreiro, Luís Guerreiro, que foi vencedora da votação do Orçamento Participativo de Portugal de 2017.
A plataforma, apresentada em dezembro de 2019, disponibiliza mais de 160 anos de informação impressa na região, desde 1810 até 1974, em jornais, revistas, boletins, almanaques ou folhas. O jornal Folha do Domingo é um dos órgãos de informação que já tem carregados todos os títulos do seu arquivo editados naquele arco temporal.
A plataforma reúne mais de 400 títulos que “estavam dispersos por muitos arquivos, museus, centros de documentação e bibliotecas”, explicou na apresentação a coordenadora científica do projeto explicou que “mais de 70% deste acervo encontra-se na Biblioteca Nacional [de Portugal]”, entidade que no país tem a responsabilidade de coordenação de todos os projetos bibliográficos digitais. Patrícia de Jesus Palma acrescentou que o segundo maior acervo do país de jornais do Algarve está na Biblioteca Pública Municipal do Porto e que o terceiro maior repositório daquelas publicações pertence à Universidade do Algarve (UAlg), todas parceiras do projeto.
A investigadora explicou ainda que muitos números em falta foram disponibilizados por particulares e justificou que a disponibilização do acervo “pode ir até 1974 que, por razões de direitos de autor e financeiras, foi aquilo que se estabeleceu como limite temporal”. Aquela responsável referiu que a “Chronica do Algarve” é o primeiro jornal de língua portuguesa editado no Algarve, em 1833, mas o projeto recua até 1810, data em que é impresso na região o primeiro jornal, a “Gazeta de Ayamonte”.

Em relação ao Folha do Domingo, para além da disponibilização dos números desde a fundação até 1963, está também acessível todo o arquivo do Boletim do Algarve, órgão oficial da Diocese do Algarve, editado entre 1910 e 1913, que o antecedeu e que esteve na sua origem.
O diretor do jornal Folha do Domingo realça não só a importância do projeto para o património cultural algarvio impresso, que tem em Faro o “lugar de excelência como berço da imprensa em Portugal”, e da sua relevância no surgimento da cultura escrita, mas também para a salvaguarda do arquivo informativo da história desta região do país. Samuel Mendonça refere ainda as vantagens de permitir completar a coleção daquele órgão de informação que se encontrava incompleta, preservar o arquivo em papel “já muito frágil”, facilitar o acesso universal e gratuito à informação e agilizar a investigação no próprio arquivo.
Aquele responsável espera que o projeto tenha continuidade para que se possa assegurar a digitalização dos órgãos algarvios de informação escrita até à primeira década deste milénio, altura em que o acesso à tecnologia começou a permitir a salvaguarda das edições em papel também em formato digital.
O projeto da Hemeroteca Digital do Algarve foi gerido pela Direção Regional de Cultura do Algarve e executado pela UAlg.
Foi apresentada a plataforma digital que está a reunir a imprensa algarvia desde 1810