A Assembleia Municipal de Monchique, no Algarve, aprovou por maioria, na passada quinta-feira, uma moção de censura ao presidente da Câmara, Rui André (PSD), apresentada pelo PS, pelo exercício de uma gestão “inconsequente em ideias e práticas”.

A moção foi aprovada com os votos dos oito deputados municipais do PS, um da CDU e um do Movimento Monchique Independente, tendo os sete eleitos do PSD votado contra.

No documento, os socialistas consideram que o autarca social-democrata “pratica uma gestão politicamente tendenciosa e inconsequente, que depois de espremidas as ideias e práticas, tudo se traduz num monte de nada, ao apresentar projetos que depois não são concretizados”.

“Verificamos a permanente apresentação de 25 propostas de projetos de investimento, anualmente nas respetivas Grandes Opções do Plano, mas que ainda não se concretizaram, alguns que transitam desde 2011”, sustentam os deputados municipais socialistas.

Entre os vários projetos, os socialistas de Monchique destacam o centro de recursos de Proteção Civil, o centro interpretativo, o pavilhão multiusos, a beneficiação da rede viária municipal e a casa do medronho.

Para o PS, o município regista “um enorme e agravado despovoamento, devido à ausência de políticas” vocacionadas para fixar a população e contrariar a saída de jovens casais, que procuram no litoral melhores condições de trabalho e de vida.

Na moção, os socialistas consideram que a gestão do município assenta “em gastos supérfluos, sem benefício ou retorno evidentes para a população, onde foram identificados gastos em programas anuais que não têm resultados visíveis”.

“São gastos 385 mil euros anualmente com vários programas. Será que as verbas atribuídas estão adequadas e o retorno que a comunidade e o município retiram é aceitável”, questionam os socialistas.

Por seu turno, o PSD refutou, em comunicado, as acusações e considerou que as mesmas “assentam em incongruências, manipulação de dados e falsidades que constituem um verdadeiro embuste”.

“Refutamos por completo todas as acusações da moção apresentada, onde a oposição escolhe falsidades e afirmações de má-fé, como arma em ano eleitoral, num exercício de ignorância, elencando um conjunto de projetos aos quais fazem comentários absurdos, reveladores de uma completa distorção da sua fase de implementação/execução”, indicam os sociais-democratas, no comunicado.

 

O presidente da Câmara de Monchique considerou que a moção de censura “não faz qualquer sentido” e acusou o PS de falta de honestidade política.

“Estranho e lamento a posição do ‘bota-abaixo’ dos deputados municipais do PS, ao apresentarem agora uma moção em que criticam a gestão autárquica, quando têm tido acesso a todos os processos e projetos do munícipio”, disse à agência Lusa Rui André.

Para Rui André, “é muito estranho que as críticas e acusações dos socialistas com assento na Assembleia só tenham surgido em ano de eleições, quando têm sido informados da gestão autárquica, sem que alguma vez tenham manifestado este tipo de atitude”.

“São críticas que não fazem sentido, pois conhecem o esforço que tem sido feito para pagamento de quase 12 milhões de euros de dívida conjunta de curto, médio e longo prazo, situação que não permitia ao município efetuar investimentos diferentes dos que tínhamos candidato a fundos comunitários”, destacou.

Na opinião do autarca, o documento sustentado pela oposição apresenta uma argumentação “pouco sólida, que assenta em manipulação da informação e revelando-se pouco rigorosa”.

Rui André acrescentou que “no documento apresentado, a oposição demonstra falta de honestidade política, pois dá a entender que não conhece nada, com argumentos apenas para o ataque pessoal”.

“A Assembleia foi sempre informada da atividade municipal e sempre estive aberto à participação e discussão dos documentos. Por isso, estranho e lamento este tipo de atitudes”, sublinhou Rui André, lamentando ainda que a oposição “critique e ponha em causa todo o trabalho feito na área social, de apoio aos mais carenciados.