O assistente da Cáritas Diocesana do Algarve lembrou que o apoio social prestado por aquela instituição não fica completo com a doação de bens materiais.

“Será que o nosso trabalho fica completo se damos o pão material, mas não o pão espiritual?”, questionou o cónego Carlos de Aquino, que apresentou no Centro Paroquial de Loulé uma reflexão no III Encontro Diocesano das Cáritas Paroquiais do Algarve, a partir das exortações apostólicas e encíclicas “mais significativas” do Papa Francisco sobre como “Aprender a caridade com Maria”.

O sacerdote referiu-se a um “pão espiritual que ajude as pessoas a aproximar-se de uma verdade” e acrescentou que aquele “não é só o pão da fé ou a relação com Deus” porque os voluntários da Cáritas procuram “fazer a caridade mesmo com quem não acredita”.

No entanto, o cónego Carlos de Aquino questionou mesmo sobre a intenção de levar os beneficiários a Deus. “Quantas pessoas, das que ajudamos caritativamente, aproximamos de Deus?”, interrogou, aconselhando aqueles agentes a proporcionar não apenas o “pão”, mas também o “evangelho”, a “fé” e o “encontro com Deus”.

“Temos a dar uma proposta de felicidade”, realçou, considerando a importância da pobreza, não tanto na sua dimensão material. “Só como pobres evangelizaremos os pobres. A pobreza não é sermos miseráveis, não é não termos o pão de cada dia, não termos aquilo a que temos direito. É não ter um coração avarento, egoísta, que não nos permite sermos livres diante das coisas que possuímos. É sermos livres diante do que temos e possuímos”, explicou.

O sacerdote referiu-se ainda ao exercício da caridade que os agentes da Cáritas são desafiados a realizar como “caminho de fé, de evangelização e de felicidade”. “O exercício da caridade a que somos convidados não é mais do que darmos o que recebemos”, afirmou, referindo que “quem está ao serviço da caridade tem de ter um coração bom, virtuoso”. “A humildade, a ternura e o afeto” foram outras “qualidades e virtudes” que defendeu que “nunca devem faltar” ao agente da caridade que visa “levar a pessoa a recuperar a sua dignidade”.

“Que as pessoas que vêm encontrar-se connosco não nos sintam uma «banca» da Igreja neste assunto da caridade, mas sintam-nos homens e mulheres de Deus”, pediu, acrescentando ser importante as pessoas sentirem-se apoiadas na sua vida pessoal. “Que caminhamos e lutamos com elas. Que não as sentimos só quando vêm ao nosso encontro, mas que nos esforçamos por estar presentes também na vida delas”, concretizou, referindo ser preciso “conhecer a identidade” de cada um, porque “cada pessoa é única”.

Alertando que “quem mais precisa, às vezes nem vem pedir à igreja por vergonha”, o sacerdote lembrou que é preciso sair para ir às “periferias”.

A terminar, o cónego Carlos de Aquino resumiu a importância de Maria. “Não é possível sermos Igreja sem Maria. Maria é caminho para chegarmos a Cristo”, afirmou.