Acordeonista_acordeaoA Mito Algarvio – Associação de Acordeonistas do Algarve espera que a adesão à Confederação Internacional de Acordeonistas, que pertence ao Conselho Internacional da Música da UNESCO, ajude promover o instrumento e as raízes culturais portuguesas a nível interno.

O presidente da Mito Algarvio, João Pereira, disse hoje à agência Lusa que a adesão da associação à Confederação Internacional dos Acordeonistas (CIA), aprovada por unanimidade pelo seu Comité Executivo na semana passada, pode ser um catalisador para um maior reconhecimento em Portugal, como aconteceu com o fado ao ser distinguido como património imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

“Isto é de suma importância, porque estamos representados no mais importante organismo mundial de acordeão, a CIA, que é membro oficial do Conselho Internacional de Musica da UNESCO, e é uma forma de nós levarmos lá fora, com orgulho, as nossas raízes culturais. É muito importante estarmos representados nestes organismos, porque é mais fácil mostrar a nossa identidade cultural e é uma forma de chegarmos aos quatro cantos do Mundo”, disse o dirigente associativo.

Com sede no concelho de Castro Marim, distrito de Faro, a Mito Algarvio lamenta que em Portugal seja dado pouco destaque na imprensa a um instrumento muito ligado às raízes culturais do país.

João Pereira deu o exemplo do sócio João Filipe Guerreiro, que foi vice-campeão do Mundo de acordeão em setembro de 2014 “e ninguém deu relevo a isso” na imprensa portuguesa, “sobretudo nas televisões”, e considerou que a distinção que a Mito Algarvio obteve pode agora “ajudar a abrir essas portas”.

“Na minha perspetiva, o nosso nível cultural não é muito grande, em termos gerais, e às vezes é preciso o reconhecimento vir primeiro de fora – como aconteceu com o fado, que teve o grande ‘boom’ depois de ser reconhecido lá fora, ou com o cante alentejano. Olhamos de forma cabisbaixa para as nossas raízes tradicionais e tentamos absorver em demasia o que vem de fora, mas acho que isso é um problema geral da nossa identidade”, criticou João Pereira.

O dirigente disse que a Associação “tem levado a música a outros países” e deu como exemplo a participação de um dos seus sócios, João Frade, “que foi campeão do mundo e esteve recentemente na televisão da Lituânia” e noutros palcos a nível externo, sem que internamente se tenha dado relevo às suas capacidades.

A candidatura da Mito Algarvio à CIA foi “apresentada no mês de novembro em Salzburgo (Áustria)” e foi aprovada por unanimidade no Congresso realizado a 06, 07 e 08 Março, em Paris, anunciou hoje a associação.