"O Bloco de Esquerda teve a oportunidade de estar recentemente com os pescadores da Fuzeta e de perceber a sua realidade quotidiana e as dificuldades que atravessam, que são muitas. Dentro dessas dificuldades encontra-se a perspetiva futura da Barra da Fuzeta", afirmou à agência Lusa Cecília Honório, deputada bloquista eleita pelo círculo de Faro.

A parlamentar explicou que o BE quer perceber "a justificação da localização alternativa à barra que foi construída pela natureza" e quer ser esclarecido sobre "em que estudos o Governo funda a alteração do traçado".

O Bloco de Esquerda pretende igualmente "conhecer a estrutura da futura barra, nomeadamente saber se terá o molhe em pedra que os pescadores exigem como fundamental para que o seu trabalho se desenvolva nas condições desejáveis", acrescentou a deputada.

Cecília Honório recordou que "a promessa da Barra da Fuzeta tem 30 anos e a situação dos pescadores é de grande angústia e preocupação, por não saberem quando e como é que ela será construída e se a estrutura vai corresponder aos seus interesses e aos dos mariscadores".

Na opinião da deputada bloquista, "há uma grande neblina sobre este processo e informações contraditórias de membros do Governo", bem como "um desconhecimento total sobre a realização de estudos de impacte ambiental".

A responsável considera "inadmissível" a situação dos pescadores da Fuzeta, que "estão sujeitos a enormes dificuldades no transporte do pescado e no acesso à lota" e aos quais foi prometida uma barra há três décadas "pelo então primeiro ministro Mário Soares", como se lê na pergunta dirigida ao Governo.

A deputada Cecília Honório e o deputado Pedro Soares, presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, questionaram hoje o Governo sobre os critérios subjacentes ao encerramento da abertura natural e à escolha do local para a construção da nova barra na Fuzeta.

De acordo com o BE, na sequência dos temporais do passado inverno, ficou aberta uma nova barra na ilha da Fuzeta, fenómeno confirmado pela Administração da Região Hidrográfica do Algarve, tendo a manutenção da sua abertura natural sido defendida pelos técnicos e pela própria Secretária de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, Fernanda do Carmo.

Porém, contrariando a opinião dos técnicos e o abaixo-assinado dos pescadores, já entregue na Assembleia da República, a Administração da Região Hidrográfica do Algarve e a Sociedade Polis Litoral da Ria Formosa entenderam não estar reunidas as condições de segurança na barra natural e decidiram o seu encerramento e a abertura de uma barra artificial na zona da Toca do Coelho.

Perante esta decisão, o Bloco de Esquerda quer que o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações revele quais os estudos que levaram o Laboratório Nacional de Engenharia Civil e a Administração da Região Hidrográfica do Algarve a optarem pela solução em curso.

Lusa