Numa pergunta apresentada pelo grupo parlamentar do BE na Assembleia da República e dirigida ao secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, o partido quer que o Governo confirme se vai reduzir o investimento da Direção Geral das Artes nas regiões do Alentejo e Algarve e informe sobre quais as razões que levam a aplicar este corte.

O BE perguntou ainda ao secretário de Estado se o Governo “previu o impacto e possíveis extinções de estruturas artísticas sediadas no Alentejo e no Algarve, decorrentes deste novo corte”.

No preâmbulo da pergunta, assinada pela deputada Cecília Honório, eleita pelo círculo de Faro, o BE refere que, a 14 de novembro, na Comissão parlamentar de Educação e Cultura, o Secretário do Estado anunciou “uma reestruturação dos concursos de apoio às artes da Direção Geral das Artes”, que prevê “um corte de 43% do investimento nos concursos entre 2009 e 2011”.

O novo modelo contém, segundo o BE, “erros que se irão revelar de uma enorme imprudência governativa, dado o momento de absoluta fragilidade financeira das estruturas e artistas”.

“Uma análise à distribuição territorial do investimento da Direção Geral das Artes entre 2009 e 2011, e aos concursos anunciados este ano, revela uma variação do investimento para a região de Lisboa e Vale do Tejo, que vê as verbas aumentar 6,9%, enquanto a região Centro mantém as mesmas verbas e a região Norte assiste a um corte de 6,2%. O Alentejo e o Algarve são alvo de um desastre, com um corte respetivamente de 32,8% e 35,7%”, critica o BE.

Por isso, o partido exige ao Governo explicações sobre estes cortes e considera que “mais inaceitável será justificar este corte com um reequilíbrio das verbas após o investimento no projeto Allgarve”, que ao longo de vários anos financiou um conjunto de atividades artísticas para promover a principal região turística do país.

O Allgarve, para o BE, “mais não significou do que uma distribuição de mordomias por diversos agentes, maioritariamente fora da região”, e colocou “em segundo plano a grande maioria dos agentes culturais do Algarve”.

“No entender do Bloco de Esquerda esta opção do novo secretário de Estado é uma perigosa opção em tornar prática governativa uma visão do país onde apenas no centro e na capital existe uma rede profissional de estruturas e artistas, relegando o resto do país a um deserto cultural dependente da produção central, regiões sem expressão própria, colonizadas pela capital”, refere o partido.

Lusa