
O bispo do Algarve lembrou que Deus tem para o ser humano um “projeto de vida, de amor e de felicidade” e que, embora a doença faça parte dele, “não é o essencial”.
“Confundimos felicidade com saúde. Nascemos para ser felizes, todos os dias da nossa vida, mesmo naqueles que não temos saúde”, afirmou D. Manuel Quintas na passada quarta-feira, 11 de fevereiro, Dia Mundial do Doente, na celebração da eucaristia a que presidiu no hospital de Faro, acrescentando que “estar doente não deve ser sinónimo de infelicidade” e que “a felicidade engloba tanto a saúde como a doença”.

Já no encerramento da visita pastoral a Armação de Pêra, no dia 7 deste mês, o prelado se tinha referido ao tema da saúde, considerando as “situações de finitude e de imprevisto” provocadas por doença súbita em pessoas com a vida ainda pela frente. “São situações que a gente não entende, não dá para explicar e ultrapassam toda a lógica humana”, reconheceu.
Contudo, D. Manuel Quintas lembra a importância da fé nestas alturas. “É a força e a luz da fé nos ajuda a integrar essas situações naquilo que é a nossa vida. Deus quer que tenhamos a vida e a tenhamos em abundância, em plenitude, que a saboreemos e que ela tenha sabor. E a fé é seguramente um dos condimentos que dá sabor e que ilumina a vida e que nos predispõe para sabermos integrar na nossa vida também as situações de sofrimento, angústia e aquilo que não entendemos. A fé integra, ilumina e ajuda entender aquilo que a razão não entende”, sustenta.

O bispo do Algarve lembra que Deus “permitiu que acontecesse a Jesus o que aconteceu exatamente para mostrar que o sofrimento e a dor não são a finalidade da vida” e recorda que “a ação de Jesus é curar quem está doente”. “A ação de Jesus é para que tenhamos vida e vida plena. O encontro com Cristo é sinal de cura, não apenas física”, sublinhou D. Manuel Quintas, evidenciando que o encontro com Jesus leva à “predisposição para o serviço”, a “transformar a vida” “em dom e serviço para os outros”. “O encontro com Cristo cura de todas as doenças que atrofiam o nosso movimento de encontro com os outros. A grande «cura» é esta, porque muitas vezes a «doença» que temos é uma «doença» que nos atrofia os movimentos que vão na direção dos outros. É o egoísmo, o querer viver só para nós, fechados em nós mesmos, que ninguém nos incomode porque nós também não incomodamos ninguém. O milagre está nisto: passar da «doença» ao serviço, do isolamento e da solidão a que nos remetemos a uma vida vivida com os outros e para os outros. Nascemos para viver uns com os outros e, sobretudo, uns para os outros”, complementou.

No hospital de Faro, D. Manuel Quintas afirmou a “comunhão com todos aqueles que vivem marcados pela doença e com aqueles que cuidam de doentes”.
Referindo-se à mensagem do Papa Francisco para o XXIII Dia Mundial do Doente, sobre o tema «Sapientia cordis [sabedoria de coração]. “Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo” (Job 29, 15)», destacou que “sabedoria de coração” é “servir”, “sair de si para ir ao encontro do outro” e também “ser solidário com o irmão sem o julgar”.

O bispo diocesano destacou a importância daquele dia. “Vai criando uma sensibilidade própria para entendermos, cada vez melhor, o sentido da doença na nossa vida e o modo como devemos nos relacionar com a doença e os doentes e a atitude que, do ponto de vista da fé, deve animar e qualificar esta nossa relação”, frisou.
D. Manuel Quintas manifestou ainda ao conselho de administração daquela unidade hospitalar, presente na celebração, o “reconhecimento e sentido de gratidão” pelo serviço prestado “em tempo nada fácil”. O prelado referiu ainda o testemunho agradecido de muitos familiares e doentes que recorrem aoServiço de Assistência Espiritual e Religiosa (SAER) do Hospital de Faro, representado pelo padre Luís Gonzaga Nunes e pelo diácono Rogério Egídio que estiveram também presentes.
Depois de eucaristia, na capela do hospital onde foi criado um novo espaço para a celebração do sacramento da Reconciliação, o bispo do Algarve visitou os doentes internados no serviço de Medicina Interna 3.
A celebração do Dia Mundial do Doente decorre anualmente a 11 de fevereiro, data em que a Igreja Católica celebra a festa litúrgica de Nossa Senhora de Lurdes, por decisão de João Paulo II.