© Samuel Mendonça
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A congregação das irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição concluiu hoje 137 anos de presença no Algarve, com o encerramento da comunidade de Olhão, a única que ainda permanecia em funcionamento na diocese algarvia depois do termo da comunidade de Faro em 2007.

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Na eucaristia de hoje de ação de graças a Deus pelo “dom” que aquele instituto e aquela comunidade concreta constituíram para a Diocese do Algarve, o bispo diocesano disse que o “serviço e marca” que as irmãs deixam “será muito difícil de esquecer”. “Naturalmente que estamos todos com muita pena, mas estamos agradecidos. Foi muito bom e é por essa graça e por esse dom que estamos reunidos nesta eucaristia para louvar o Senhor e, ao mesmo tempo, para que Deus as abençoe e as recompense porque só Deus pode medir tanta generosidade, tanta doação e tanto serviço”, afirmou o prelado na capela do Centro de Bem-Estar Social de Nossa Senhora de Fátima, instituição criada em 1930 pelo cónego António Batista Delgado que está desde a fundação aos cuidados das irmãs.

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O bispo do Algarve disse ser preciso olhar para a vida “com todas as suas vicissitudes com a serenidade da fé” e saber que “a ação de Deus passa por todas as situações”. “É este espírito de fé em Deus, de gratidão e de reconhecimento da sua ação que passa e passou nesta instituição pelo serviço dedicado de tantas irmãs que por aqui passaram”, destacou, apelando à “esperança em relação ao futuro”. “Sabemos que se não nos recusarmos a fazer a nossa parte, Deus não falta com a sua”, sustentou.

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D. Manuel Quintas, lembrando que as irmãs “não trabalharam por turnos, mas ininterruptamente, 24 horas por dia, ao serviço de quem chegava”, afirmou que essa “semente semeada no coração de tanta gente” “certamente que germinou e há-de continuar a germinar e o seu rasto de amor, doação, serviço e entrega, seguramente, vai permanecer e há-de servir de estímulo a tantos”, particularmente àqueles que ficam a gerir aquela instituição.

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Em declarações ao Folha do Domingo, o padre Carlos de Aquino, que se mantém como diretor do Centro de Bem-Estar Social Nossa Senhora de Fátima, explicou que a instituição que acolhe meninas em risco continua com a direção que já existia mas terá uma nova diretora de serviços que já está em “funções plenas”. “Há uma equipa técnica que também já existia e que foi reforçada e foi também renovado todo o quadro de pessoal, incluindo funcionários e auxiliares educativos, para garantir as noites de assistência plena às raparigas”, acrescentou o sacerdote, destacando que para suprir o trabalho de cada uma das irmãs foi preciso contratar três funcionárias.

Na celebração, o padre Carlos de Aquino aludiu a uma nova reconstrução” como “desafio evangélico”. “É uma hora de esperança e de desafio e a força dessa esperança e desse desafio queremos iniciá-la nesta celebração”, afirmou, destacando a “presença materna” das consagradas naquela obra.

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No final da eucaristia, a irmã Antonieta Costa, superiora da comunidade, evidenciou o “coração agradecido” das religiosas pelos 84 anos de presença em Olhão e lembrou os primeiros tempos ali vividos pelas irmãs Olímpia do Nascimento, Virtude Maria Santíssima e Deolinda de São José. “Não as assustou a imensa pobreza com que se depararam. As irmãs, com arte e engenho, coadjuvadas pelo selo do cónego António Batista Delgado, foram fazendo frente às dificuldades e mantendo o coração aberto para acolher a quantos necessitavam da sua compaixão e da sua ternura. Responderam a ajudar os pobres mais desvalidos de Olhão, a cuidarem dos anciãos mais desprotegidos, a ministrarem o ensino primário e religioso e a orientar o internato feminino”, destacou.

A religiosa salientou ainda a “caridade e generosidade” dos olhanenses que desde os inícios sentiram aquela obra como sua. “Quando estendemos a mão a pedir por caridade sempre nos ajudaram até aos dias de hoje. Quanto usufruíram as nossas meninas da bondade e gratuidade de tantos”, reconheceu, dando graças a Deus pela “solicitude paternal de todos os bispos do Algarve” e por todos os sacerdotes, religiosos e religiosas do Algarve, por todos os que fizeram e fazem parte da direção da instituição, pelos funcionários e por tantas gerações de meninas que por ali passaram.

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As quatro irmãs da comunidade de Olhão das Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição irão seguir agora para a Casa Provincial, em Fátima, aguardando que a Superiora Provincial indique para onde irão trabalhar.