
O bispo do Algarve afirmou no passado domingo, no contexto da celebração da solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, que, “com o seu «sim», Maria abriu a humanidade e o mundo ao advento do Deus-redentor”.
D. Manuel Quintas lembrou na missa estacional na Sé de Faro que a virgem de Nazaré veio restaurar o que com Eva tinha ficado destruído. “Eva, à qual associamos Adão, constitui a imagem da rejeição à proposta da Deus. Maria constitui o modelo da resposta ao projeto de Deus”, comparou o prelado, lembrando que “ambas escutam a palavra de Deus mas Eva rejeita-a, desobedece-lhe”. “Por sua vez, Maria é aquela que escuta, acolhe, se esclarece e adere, obedece e sujeita a sua vontade à vontade daquele que lhe dirige a mensagem. Assim, pela obediência de Maria, a palavra de Deus irrompe na nossa história”, concluiu.

O bispo do Algarve salientou que o exemplo de Maria mobiliza assim os cristãos a assumirem a “mesma resposta aos apelos de Deus e dos irmãos”. “Uma palavra que é escutada e acolhida como Maria, põe-nos sempre a realizar o «ide pelo mundo e anunciai o evangelho», (…) o lema do nosso Programa Pastoral para este quinquénio. Gostaria que a atitude de Maria viesse tornar mais forte este convite”, acrescentou, considerando que “Maria é a imagem da Igreja missionária, em movimento”.
D. Manuel Quintas frisou que em Maria é mostrado o “exemplo das maravilhas de Deus na história, bem como o que ele pode fazer na Igreja e na vida de cada cristão” e de cada uma das comunidades paroquiais se, como a Mãe de Jesus, assumirem a “mesma atitude de escuta atenta da sua palavra e de disponibilidade para realizar a sua vontade”.
O bispo diocesano, que evocou as 12 paróquias algarvias que têm na Senhora da Conceição a sua padroeira, lembrou a dificuldade da Igreja em reconhecer o “privilégio” concedido por Deus a Maria. “A Igreja, com a proclamação desta verdade de fé pelo Papa Pio IX em 1854, reconheceu o que, desde há muitos séculos, o povo cristão venerava e celebrava: a santidade da Virgem Maria desde o primeiro momento da sua existência. Ou seja, que Maria foi preservada, desde sempre, do pecado do qual nascem todos os filhos de Adão”, esclareceu.

D. Manuel Quintas destacou que mesmo os teólogos “tiveram muita dificuldade em explicar” o dogma que parecia ameaçar a universalidade da redenção trazida por Jesus. “Jesus operou a obra de redenção universal da qual ninguém era excluído e afirmar que Nossa Senhora tinha sido concebida sem pecado era excluí-la da obra operada por Cristo e, por isso, era dizer que a redenção de Jesus já não era universal”, explicou o bispo do Algarve, acrescentando que só no século XIV, é que o teólogo Duns Scotus concluiu que Maria tinha sido “pré-redimida”, ou seja, “preservada do pecado original em vista dos méritos futuros da paixão de Cristo”.
D. Manuel Quintas lembrou também a “veneração especial” que o povo português tem pela Imaculada Conceição de Maria, considerando que isso deve-se também à atitude do rei D. João IV, que “interpretando o sentir do povo português”, a 25 de março de 1646, em Vila Viçosa, coroou Nossa Senhora da Conceição como padroeira e rainha de Portugal. “Como sabemos, desde este gesto do rei, nunca mais os reis usaram coroa porque ela tinha sido atribuída a Nossa Senhora da Conceição”, complementou.