O bispo do Algarve pediu aos cristãos algarvios que ajudem a construir uma Igreja “eucarística, fraterna, sinodal, samaritana e missionária, reconhecendo todos a exigência que cada um destes atributos”.
“Meus caros irmãos leigos, os vossos párocos e eu próprio precisamos de vós para construirmos e sermos a Igreja a que nos convida, para este tempo, o Papa Francisco”, afirmou D. Manuel Quintas na Eucaristia do encontro que assinalou o Dia da Igreja Diocesana, no passado sábado à tarde, e teve lugar no Parque Municipal de Loulé, lembrando-lhes que “é, sobretudo, Cristo” que conta com eles para ser em cada um “sinal e fonte de salvação para o mundo que vive aqui no Algarve”.

E o bispo diocesano explicou como é essa Igreja desejada. “De «portas abertas», para que os que estão dentro, saiam como discípulos missionários a anunciar o Evangelho pelos «caminhos enlameados» da humanidade e os que estão fora entrem e aí encontrem, no coração de Cristo aberto na cruz, a fonte onde matar as suas sedes de esperança, de sentido para a sua vida e de verdadeira alegria”, descreveu D. Manuel Quintas com recurso a passagens da reflexão que tem marcado o pontificado do Papa Francisco.
E, concretamente sobre a dimensão sinodal, o responsável católico pediu aos algarvios que não consideram “a sinodalidade um assunto encerrado”. “Seria iludir-nos e enganar-nos a nós mesmos. Não nos detenhamos na compreensão da sinodalidade simplesmente como conceito doutrinal inspirador”, advertiu, garantindo que aquela dimensão “deve ser entendida e aplicada à vida pastoral como marca e condição itinerante e peregrinante da vida da própria Igreja”.

“O futuro da Igreja, da nossa diocese, de cada uma das nossas paróquias passa seguramente pela coragem em assumirmos todos o compromisso de uma autêntica vida sinodal, traduzida na forma e no estilo concreto de sermos Igreja”, alertou, acrescentando que “o dinamismo da escuta mútua, do discernimento e da decisão em processo sinodal não podem ser mitigados ou mesmo ignorados”.
D. Manuel Quintas considerou que se insere neste dinamismo, o processo de renovação da pastoral paroquial em chave missionária, iniciado antes do Sínodo”, para o qual pediu “encarecidamente” o “envolvimento de todos aos mais diversos níveis”.

“Neste dia, e na conclusão de um triénio pastoral, faz-nos sempre bem interrogarmo-nos sobre que Igreja somos e sobre que Igreja somos chamados a ser, abertos à ação do Espírito, conduzidos pelo atual sucessor de Pedro, o Papa Francisco”, disse ainda D. Manuel Quintas, que apresentou um breve resenha histórica da diocese.


O bispo diocesano alertou ainda os cristãos algarvios de que só serão “verdadeira Igreja, fundados na unidade e na comunhão do Deus-Trindade”. “Só seremos Igreja viva, a Igreja sacramento de salvação, se a riqueza que nos vem do Pai, por Cristo, chegar a nós pelo Espírito. Desta unidade depende a qualidade e a abundância da nossa fecundidade pastoral e a eficácia do nosso testemunho”, acrescentou na Missa campal.

“Como poderíamos pretender ser Igreja viva, desligados da «raiz» ou não unidos ao «tronco» que é o próprio Jesus? Como poderíamos pretender frutificar sem que circulasse livremente em nós a «seiva» do Espírito que corre vivifica e fecunda toda a «planta»”, questionou perante a multidão de algarvios que ali acorreu das diversas paróquias da diocese que considerou ser “constituída por sacerdotes bons e generosos”, “por consagradas e consagrados que se entregam de alma e coração ao testemunho de Cristo e do Evangelho e ao serviço” da Igreja algarvia, “por leigos competentes e capazes dos maiores sacrifícios na construção do Reino e na dedicação à sua comunidade e à Igreja diocesana”, por uma “juventude inquieta, voluntariosa, que procura abrir-se sempre mais aos valores do Evangelho”, por “crianças e adolescentes que frequentam as catequeses, que dão cor, alegria e vida às comunidades” algarvias e “até marcam o seu ritmo celebrativo”, por uma “diversidade de carismas, fruto da fecundidade do Espírito que enriquece, presentes nos diversos movimentos e nas novas expressões de consagração e de serviço”.

O bispo do Algarve também não quis esquecer todos os que constituem a Igreja algarvia “unidos à oblação de Cristo na cruz: os doentes, os sozinhos, os portadores de alguma forma de deficiência, os que vivem privados de liberdade e dignidade”, manifestando-se, “particularmente unido aos doentes” e, de entre eles, ao bispo emérito D. Manuel Madureira Dias e ao monsenhor cónego José Pedro Martins.