
O bispo do Algarve terminou, no passado domingo, a visita pastoral a Salir, iniciada no dia 4 deste mês, a primeira deste ano pastoral 2016/2017.
Na eucaristia de encerramento celebrada naquele dia na igreja matriz, D. Manuel Quintas reconheceu que encontrou uma paróquia mais “envelhecida” do que a que encontrou há oito anos quando visitou aquela freguesia do interior do concelho de Loulé pela última vez. “A população de Salir diminuiu muito”, evidenciou, acrescentando que se realizam cerca de 60 funerais por ano naquela comunidade, o que significa um total de cerca de 480 falecimentos nos últimos oito anos.

Ainda assim, o prelado destacou ter encontrado “muita força interior e muita confiança em Deus, uma fé que não esmorece e que é luz em momentos de dificuldade e de provação”. “A população, tal como acontece no interior do Algarve, vai diminuindo e envelhecendo. Isso é uma realidade, mas não é desculpa para cada um se meter no seu cantinho. O tempo não é de cada um ficar isolado”, advertiu, exortando os paroquianos de Salir a que permaneçam unidos e colaborantes na comunidade na medida das suas possibilidades. “Temos de criar condições para que esta fase da vida seja vivida com serenidade, alegria e esperança”, completou.
D. Manuel Quintas lembrou ainda alguns emigrantes que regressaram à freguesia, os estrangeiros que escolheram aquela zona do Algarve para viveram a sua aposentação e os nascimentos ocorridos, ainda que tenham sido “poucos”.

Não obstante esta realidade, o bispo do Algarve lembrou o “bom grupo” das 85 crianças que frequentam a catequese paroquial com catequistas suficientes para todos os grupos e que considerou também um “sinal de esperança em relação ao futuro”.
O bispo diocesano manifestou o seu reconhecimento àqueles que colaboram mais de perto com o pároco “de tantas maneiras e de tanto modos, seja nos serviços da paróquia, na catequese, liturgia e dimensão sociocaritativa”. “Foi muito bom para mim reunir-me e encontrar-me com alguns destes serviços e verificar o espírito que os anima, a disponibilidade e disposição em colaborar com o vosso pároco e em fazer com que a fé que celebramos em eucaristia esteja presente também nesse gesto, nessas atitudes”, regozijou-se, lembrando que “a vida de família da paróquia passa pelo contributo de todos”. “Quem é enriquecida é a comunidade toda. É a paróquia que revitaliza a sua fé, celebrando-a com alegria e testemunhando no mundo”, prosseguiu.

D. Manuel Quintas destacou também o “esforço que foi feito para a recuperação da casa paroquial” que na última visita pastoral já estava em avançado estado de degradação. “Exortei a não desistirem nem desanimarem porque a casa paroquial precisava de ser restaurada (…) e o restauro verificou-se e muito bem”, afirmou, lembrando que “a própria paróquia ficou enriquecida” porque o edifício “faz parte do património da paróquia”. “Não a restaurar significava ficar abandonada, a cair. Já na altura praticamente não tinha condições para ser habitada. “Felizmente foi feito [o restauro]. Deixa-me contente e feliz também. O esforço que fizestes valeu a pena. Há mais condições para o vosso pároco estar lá ou para alguém, no futuro, que precise mais do que ele”, complementou.
O bispo do Algarve, que se regozijou com a “proximidade” do pároco em relação a cada um dos paroquianos, agradeceu ainda o acolhimento recebido ao longo da semana. “Tudo isso foi para mim motivo de estimulo na minha fé e no meu serviço a esta nossa Igreja diocesana. Semeei esperança e alegria, mas isso levo também comigo, podeis crer”, concluiu na eucaristia que também foi concelebrada pelo padre Joel Teixeira, sacerdote natural daquela paróquia.

O pároco de Salir agradeceu a visita e a todos os que receberam o bispo diocesano com “alegria e hospitalidade”. “Muita gente tem na sua vida este «deserto» da falta de esperança, de apoio, de carinho, de amor e o senhor bispo veio trazer muita esperança para todos”, afirmou o padre Fernando Pedro, que equacionou a possibilidade de na próxima visita D. Manuel Quintas já não encontrar ninguém nos lugares mais desertificados e envelhecidos da freguesia.
Ao longo da semana, o prelado reuniu-se com o Conselho Económico da comunidade e encontrou-se ainda com as famílias, crianças da catequese e catequistas e com os agentes da pastoral sociocaritativa e litúrgica. O bispo do Algarve visitou os doentes e as comunidades locais, uma queijaria local, o Centro Comunitário de Barranco do Velho, a associação dos Amigos da Cortelha, a Fábrica da Aguardente na Cortelha, a Escola de Salir, a Junta de Freguesia e a GNR.
Neste ano pastoral de 2016/2017, D. Manuel Quintas visitará ainda as paróquias de Almancil, de 8 a 15 de janeiro, de Quarteira, de 12 a 19 de fevereiro, e de Albufeira, com início no dia 19 de março.
O Código de Direito Canónico estabelece que os bispos têm a obrigação de visitar toda a diocese ao menos a cada cinco anos, podendo, em caso de necessidade, delegar essa tarefa no prelado coadjutor ou auxiliar, ou ainda num padre.