O bispo do Algarve visitou ontem a comunidade ucraniana na região e assegurou que a sua presença pretendeu significar a “proximidade” da diocese.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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D. Manuel Quintas chegou à igreja de Santo António do Alto, em Faro, antes da Eucaristia que aqueles cristãos de tradição bizantina ali celebraram, pelas 10h30, sob a presidência do padre Oleg Trushko, o único sacerdote greco-católico a dar apoio à comunidade ucraniana no Algarve.

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No adro da igreja, as crianças da catequese com a catequista Inna Huyda, deram as boas-vindas ao bispo do Algarve, desejaram-lhe a continuação de uma boa missão e pediram as “graças” de Deus para o seu serviço. Ali mesmo garantiram-lhe ouvir-se dos seus corações uma oração pela sua Ucrânia e presentearam-no com um ‘korovai’ — pão tradicional ucraniano, de boas-vindas, enfeitado na parte superior com adornos feitos com a própria massa — e com um ramo de flores.

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Já no interior da igreja, D. Manuel Quintas lembrou que se assinalavam 10 meses desde o início da invasão russa. “Isso ainda motiva mais o nosso encontro e, sobretudo, a nossa oração pela paz na Ucrânia”, afirmou o bispo do Algarve, considerando aquele conflito militar “uma guerra louca”. “Não há explicação para nenhuma guerra e esta de maneira particular. Não se percebe, não se entende a razão desta guerra”, afirmou.

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D. Manuel Quintas disse que “não se compreende a razão de tanto sofrimento” e de “tantas mortes”. “A minha presença hoje aqui quer significar um pouco mais de calor que não é meu. É de Jesus que nasce. É Ele que aquece os nossos corações. É Ele que é fonte de esperança”, afirmou, sublinhando que “o Natal é a grande festa da esperança”.

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“Que esta minha presença e estas palavras também possam diminuir o sofrimento, a dor que sentis neste dia, sobretudo também pensando naqueles que ficaram lá [na Ucrânia] e que passam muitas dificuldades pelos bombardeamentos que não terminam, pelo frio, pelo facto de estarem longe uns dos outros, dos familiares”, prosseguiu, considerando aquela realidade “uma contradição em relação àquilo que é o Natal”.

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“Apesar destas dificuldades gostaria que soubésseis que não estais sozinhos. Estamos convosco e também com aqueles que estão lá. E faremos aquilo que está a nosso alcance — como estamos a fazer através de tantas organizações — para diminuir o vosso sofrimento e ir ao encontro das vossas necessidades”, continuou D. Manuel Quintas, pedindo àqueles católicos de tradição bizantina a sua “oração” e “testemunho de fé forte na pessoa de Cristo” que disse ajudar os ocidentais a serem “melhores cristãos”, “mais discípulos de Jesus”.

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O bispo do Algarve referiu-se ainda à decisão de a Igreja Greco-Católica Ucraniana – que tal como outras Igrejas de rito bizantino celebrava o Natal, segundo o calendário juliano, a 7 de janeiro – passar a assinalar a festa no mesmo dia do ocidente, ou seja, no dia 25 de dezembro, segundo o calendário gregoriano. “Assim sentimo-nos mais unidos. Celebramos no mesmo dia o nascimento de Jesus e isso dá uma força muito grande à nossa proximidade e à nossa oração”, afirmou sobre aquela decisão que pretendeu marcar uma clara posição de independência e autonomia em relação à Igreja Ortodoxa russa, concretamente ao Patriarcado de Moscovo que tem apoiado a invasão da Ucrânia.

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O bispo católico lembrou que as paróquias da diocese “estão a ser solicitadas e a corresponder bem” ao pedido do arcebispo-mor de Kiev, que escreveu uma carta aos bispos portugueses pedindo ajuda. “É sinal que há uma grande proximidade e comunhão com o povo ucraniano e, sobretudo, com os mais necessitados”, considerou.

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O padre Oleg Trushko agradeceu a visita de apoio e deu início à celebração da Eucaristia de rito bizantino que contou com a presença de algumas centenas de participantes.

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