FarolO presidente da Câmara de Faro manifestou-se hoje contra as demolições previstas para os núcleos das ilhas do Farol e Hangares, na Ria Formosa, e defendeu a concessão da gestão daqueles espaços ao município.

“Ninguém ganha rigorosamente nada em demolir aqueles núcleos [Farol e Hangares] porque não há fatores de risco”, disse à agência Lusa Rogério Bacalhau, após uma reunião com a comissão específica de acompanhamento do processo de renaturalização previsto para a Ria Formosa, no âmbito do programa Polis.

Segundo aquele responsável, há falta de coerência no tratamento dado aos diferentes núcleos habitacionais, tendo apontado que no caso da ilha da Armona a gestão foi concessionada à Câmara de Olhão, o núcleo da ilha da Culatra vai manter-se, o núcleo dos Hangares está previsto ser demolido na sua totalidade, ou seja, 159 edifícios (dois de primeira habitação) e no núcleo do Farol as habitações localizadas na área anteriormente gerida pelo antigo Instituto Portuário e de Transportes Marítimos vão manter-se e as restantes 217 casas (duas de primeira habitação) estão na lista de casas a demolir.

“Isto não tem coerência nenhuma”, vincou Rogério Bacalhau, observando que naquela zona não estão identificados fatores de risco para pessoas, bens ou ambiente.

Aquele responsável considera que a situação destes dois núcleos piscatórios é diferente da Península do Ancão, conhecida como Praia de Faro, onde diz compreender os motivos que levaram à criação de um plano de intervenções que incluem demolições.

“Na Península do Ancão entendo que deve haver uma intervenção com as demolições que forem necessárias, para repor aquele cordão dunar e salvaguardar toda aquela faixa. No caso da ilha da Culatra essa situação não se coloca”, observou o presidente da câmara de Faro.

Não conformado com o plano de intervenções atual para aquelas ilhas do concelho de Faro, localizadas na Ria Formosa, Rogério Bacalhau tem vindo a apresentar os seus argumentos junto do ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, com quem tem uma reunião agendada para julho.

“Estamos a falar de investimentos muito caros [três milhões de euros] e, numa situação em que o país se encontra em dificuldades financeiras, as prioridades não serão estas e não vale a pena estar a gastar o dinheiro em algo que muito pouca utilidade tem ou nenhuma”, vincou.

O Programa Polis Litoral foi criado em 2008 com vista à criação de uma política integrada e coordenada para as zonas costeiras e originou um plano de operações de requalificação e valorização de zonas de risco e de áreas naturais degradadas situadas no litoral, lê-se no sítio eletrónico oficial.

A Ria Formosa foi abrangida por este programa, tendo desde 2008 vindo a ser desenvolvidos vários projetos, obras e planos de intervenção, entre os quais vários planos de demolições de casas edificadas nas ilhas e que albergam comunidades piscatórias.

O plano de demolições tem vindo a ser contestado pelas comunidades piscatórias, cujos núcleos habitacionais constam na lista de demolições a realizar.