Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O conjunto das três catequeses preparatórias no Algarve para o IX Encontro Mundial de Famílias, que vai decorrer de 22 a 26 de agosto de 2018 em Dublin (Irlanda) com o papa Francisco, concluiu-se no passado dia 7 deste mês.

Com a participação de cerca de 35 pessoas das paróquias do Montenegro, de São Luís, São Pedro e da Sé de Faro, a preparação que agora terminou foi promovida pelas paróquias constituintes da vigararia de Faro em colaboração com o Sector da Pastoral Familiar da Diocese do Algarve e teve lugar no salão da paróquia de São Luís com início no passado dia 10 de maio e continuação no dia 24 daquele mês.

Na catequese conclusiva da preparação para o encontro com o papa, o assistente do Sector Diocesano da Pastoral Familiar disse que aquele evento deveria ser um “ponto de chegada” e alertou para um perigo que considerou correr a participação algarvia. “Quando enviámos para todas as paróquias as catequeses para este encontro era no pressuposto de todas estarem em sintonia com Dublin em agosto. Se não for assim vai ser um encontro de massas perfeitamente inconsequente”, alertou o cónego Carlos César Chantre, considerando que “o importante era estes delegados que vão a Dublin sentirem-se impelidos como representantes numa onda de todas as freguesias do Algarve”.

Do Algarve irão três casais ao encontro mundial acompanhados pelo padre Rui Barros Guerreiro: Mário Rui e Maria Eugénia de Jesus, um dos casais coordenadores do Sector Diocesano da Pastoral Familiar (SDPF), Marco e Cláudia Vieira, da paróquia de Ferreiras e Rogério e Graciete Egídio, da paróquia de São Luís de Faro.

O cónego César Chantre pediu ainda a cada um dos casais presentes para “chamar a atenção para o encontro” nas suas paróquias. “Toda a gente devia falar sobre isto”, sustentou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Na catequese de quinta-feira, orientada pelo casal Marco e Cláudia Vieira, destacou-se a importância do matrimónio e apelou-se à defesa daquele sacramento. “Ainda que hoje em dia muitos sejam aqueles que olham para o sacramento do matrimónio como uma convenção social repleta de tradição, mas parca em convicção, um rito vazio, um sinal externo em termos sociais de um compromisso, nós, os crentes, temos a obrigação de continuar a defender o sacramento do matrimónio como um dom para a santificação e salvação dos esposos porque a sua pertença recíproca é a representação real, através do sinal sacramental, da mesma relação de Cristo com a Igreja”, exortou Cláudia Vieira.

Por outro lado, Marco Vieira destacou que “a certeza da presença de Cristo na vida dos esposos dá-lhes as ferramentas necessárias para ultrapassar os momentos mais complicados que os mesmos podem atravessar na sua relação”. “Esta certeza da presença de Cristo pode ser muito eficaz na resolução dos atritos que ocorrem entre os esposos, mas também nos atritos que ocorrem no seio das famílias”, complementou.

Cláudia Vieira disse que “o matrimónio nunca poderá ser visto como um fim”. “É tão só o aperitivo da felicidade, mas não a felicidade em si mesma”, observou, considerando que “o matrimónio é a verdadeira porta de entrada na vereda que conduz à alegria plena”. “Todavia, deter-se na porta equivale a arriscar-se a nunca participar no banquete das bodas eternas”, acrescentou.

Neste sentido desafiou ao investimento no “matrimónio sem prazo de validade”, “ou seja, num matrimónio que se perpetue para a vida eterna”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A catequese prosseguiu com os participantes a refletirem, em três grupos, nas seguintes questões, cujas conclusões foram depois apresentadas em plenário: “O matrimónio não é a felicidade, mas tão só o aperitivo da felicidade. Que consequências práticas tem esta afirmação da vida conjugal e familiar?”; “Porque é que a proclamação do evangelho do matrimónio e da família tem dificuldade em entrar na pastoral da Igreja?”; “Se verdadeiramente «o bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja» (Amoris Laetitia) como deveria operar a pastoral da Igreja?”.

No final do encontro, o cónego César Chantre explicou ainda que a revitalização da pastoral da família da Diocese do Algarve tem como pressuposto “as famílias começarem a ser protagonistas da fé”. “É aqui que nós ainda não conseguimos chegar porque é um processo que leva tempo”, constatou, considerando que “a implementação deste processo seria feita em cerca de cinco anos”.

O assistente do SDPF considerou ainda fundamental “regressar à vivência do evangelho dentro da família” e lembrou que “os retiros são fundamentais para que os casais se reforcem espiritualmente”. “Então, quando vão à missa, já é consequência de uma Igreja que foi vivida em casa”, observou.

A partir de Setembro, e em datas a anunciar, serão realizadas mais quatro catequeses que servirão para partilha da vivência e das conclusões do encontro mundial de famílias deste ano, que será o primeiro depois das assembleias do Sínodo dos Bispos dedicadas às questões do matrimónio e da vida familiar.