Um dos membros da equipa de redação do novo itinerário para a catequese em Portugal veio ao Algarve explicar aos catequistas que aquele será um percurso catequético com diversas etapas de inspiração catecumenal.

O padre José Henrique Pedrosa, ligado sobretudo à dimensão do “aprofundamento mistagógico” do novo ‘Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias’, explicou que este “vai procurar ajudar não só a transmitir conteúdos”, mas a “fazer um caminho”. “A catequese nesta dimensão que catecumenal, querigmática e mistagógica vai procurar ajudar a que neste tempo presente, e naquilo que é a nossa realidade, se possa crescer nesta relação com Jesus Cristo”, afirmou, acrescentando que o catequista será o “mediador” desse encontro, “aquele que conhece Jesus Cristo e a Deus e que conhece os seus catequizandos” e que “faz de ponte entre Deus e as pessoas” e vice-versa.
“Não é apenas uma catequese para as crianças e adolescentes. Não é uma catequese das crianças e adolescentes. É uma catequese com crianças e adolescentes”, prosseguiu, acrescentando ser preciso “envolver as crianças e os adolescentes na sua própria caminhada”.

Aquele sacerdote da Diocese de Leiria-Fátima – que já tinha vindo ao Algarve em 2020 falar aos catequistas sobre esta forma de fazer catequese – disse “passar de um modelo escolar a um modelo catecumenal” foi “uma das ideias essenciais que o Papa Francisco disse aos bispos quando foram na visita ad limina” de 2015 e que o “modelo catecumenal” contempla a “envolvência da pessoa em todas as dimensões do seu ser”.
O formador explicou também que “desde o primeiro momento se procura fazer com que as famílias que possam estar envolvidas” para que elas próprias “possam fazer também caminho nesta relação, comunhão e intimidade com Jesus Cristo”, “sempre com envolvimento da comunidade cristã”.
O sacerdote, formado em catequética, lembrou então que o itinerário contemplará quatro tempos: o ‘Despertar da fé’ (dos 0 aos 6 anos), a ‘Iniciação à vida cristã’ (dos 7 aos 10 anos), o ‘Aprofundamento mistagógico’ (dos 10 aos 14 anos) e o ‘Discipulado missionário’ (dos 14 em diante).

O primeiro servirá “para ir introduzindo no ano litúrgico” e “criando uma relação com a comunidade”. O padre José Henrique Pedrosa desejou que ao longo daqueles primeiros anos, as comunidades tenham uma proposta que possa ir variando. Num segundo momento do ‘Despertar da Fé que corresponderá ao atual primeiro ano da catequese deverá ser iniciada uma “caminhada sistemática com encontros semanais, procurando fazer com que estes encontros não sejam apenas para as crianças, mas possam servir para envolver a família”, acrescentou, explicando que, no final daquele percurso, será apresentada uma proposta de inscrição na catequese para as crianças e para os pais.
O tempo de ‘Iniciação à vida cristã’, que corresponderá aos atuais 2º, 3º e 4º anos, será de catecumenado e incluirá três anos, seis semestres e seis módulos e terminará com a celebração dos sacramentos de iniciação cristã. O sacerdote explicou que durante este período os pais poderão eles próprios “fazer um caminho de fé com uma catequese de adultos, com adultos e para adultos”. Para além desta proposta será feita uma outra: a de “catequeses intergeracionais”, constituídas por “momentos de encontro, celebração e partilha” com “os pais, as crianças e os avós” e com os pais “que não quiseram fazer catequese familiar”.
O tempo de ‘Aprofundamento mistagógico’, correspondente aos atuais 5º, 6º, 7º e 8º anos, prevê “que haja, sobretudo, uma metodologia que seja mais projetual”. “Cada trimestre tem um pequeno projeto para aprofundar os conteúdos”, explicou o sacerdote, acrescentando em cada trimestre haverá a “possibilidade de três encontros com os pais”: “um de dimensão mais pedagógica, outro de dimensão mais catequética e doutrinal e outro de dimensão mais projetual”. Este tempo terminará com a Profissão de Fé.

O tempo do ‘Discipulado missionário’ será estruturado em quatro anos, correspondentes aos atuais 9º, 10º, 11º e 12º anos, para fazer a “ligação à Pastoral Juvenil”. Cada ano terá cinco módulos e cada módulo quatro catequeses. “Cada catequese pode ser de um, dois ou três encontros, conforme as circunstâncias”, admitiu o formador, explicando aquela etapa poderá “ser uma caminhada pensada numa perspetiva vocacional”. “Que em cada ano cada grupo prepare um projeto que seja essencialmente de serviço”, acrescentou, explicando que este poderá ser na comunidade ou fora dela e que “vai haver também um percurso específico para o Crisma”, paralelo, cujo subsídio só deverá estar disponível em 2024/2025.
O padre José Henrique Pedrosa adiantou ainda que “neste momento estão a ser preparados dois materiais – o ‘Aprofundamento mistagógico 3’ e o ‘Discipulado missionário 1’ – que só deverão estar prontos em novembro deste ano para poderem ser usados a partir de janeiro do próximo ano. Aquele responsável anunciou também que sairá em setembro um ‘Say Yes’ – itinerário para adolescentes que serviu de preparação para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) – para o período pós-JMJ para “celebrar”, durante os meses de setembro, outubro e novembro, o que constituiu o encontro mundial de jovens com o Papa.
Esta segunda parte da formação para catequistas sobre o ‘Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias’ foi promovida pelo Setor da Catequese da Infância e Adolescência da Diocese do Algarve nos 13 e 14 deste mês. A formação decorreu anteontem, 13 de junho, para os catequistas das regiões pastorais do barlavento e do centro na paróquia de Ferreiras e contou com 105 catequistas de 20 paróquias. Ontem, 14 de junho, realizou-se para os catequistas da região pastoral do sotavento na paróquia de Olhão e contou com 49 catequistas de 15 paróquias.
A primeira parte desta formação decorreu nos dias 6, 7 e 8 do passado mês de fevereiro. O Setor da Catequese da Infância e Adolescência da diocese algarvia tem vindo a trazer ao Algarve durante este ano pastoral de 2022/2023 vários formadores que estão por dentro da renovação que o modelo nacional de catequese está a ser alvo, alguns dos quais são mesmo membros da equipa redatora do novo ‘Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias’.