No passado sábado, 20 de janeiro, realizou-se uma formação para catequistas das paróquias do Algarve que constituem os centros evangelizadores de Faro e Olhão, pertencentes à região pastoral do sotavento da diocese algarvia.

A iniciativa, organizada pelas equipas daquelas estruturas organizacionais, visou a utilização de ferramentas digitais e da Inteligência Artificial na catequese, teve lugar na paróquia de São Luís de Faro e contou com cerca de 80 participantes, entre os quais o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas.  

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Na ação de formação, levada a cabo pelos salesianos do Estoril, o padre Diogo Almeida sublinhou que a Inteligência Artificial é “um auxílio, um instrumento e uma ferramenta” que está à disposição daqueles educadores.  O sacerdote salesiano exortou a “fazer dinâmicas diferentes” na catequese e a levá-la a cabo com auxílio daquele recurso, cujas potencialidades explicou, dando como exemplo a execução de imagens, jogos, quizzes (jogos ou provas mentais no qual os jogadores, individualmente ou em equipas, tentam responder corretamente a questões que lhes são colocadas), textos, entre outros.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Na sua apresentação, ilustrada com várias imagens criadas por Inteligência Artificial, garantiu que aquela tecnologia “não veio substituir ninguém” e aconselhou a “adequar as atividades aos próprios miúdos”. 

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O formador apresentou o ‘The Bible Project’, uma plataforma gratuita que disponibiliza vídeos educacionais para ajudar as pessoas a entender a Bíblia, que disse ser muito adequada a jovens do 5º ao 9º ano.

O padre Diogo Almeida apresentou ainda ferramentas de Inteligência Artificial para criar imagens como o ChainGPT, o Bing Image, o DreamStudio, o Playground AI, o Colorcinch, o Canva (grátis), o Craiyon, o Pixlr ou o Deepswap. Para a criação de textos deu como exemplo o Jasper.ai, o Notion AI, o Writesonic, o Copy.ai (para gestão de redes sociais), o ShortlyAI, o Clarice.ai, o Canva, e o ChatGPT e para a criação de vídeo o GliaCloud, o InVideo, o Pictory, o Designs.ai e o DeepBrain AI.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

João Fialho apresentou alguns números sobre a utilização da Internet, da tecnologia e das redes sociais pelos jovens e adolescentes. O formador citou um estudo para explicar que 23% dos adolescentes dizem já ter utilizado a Inteligência Artificial (15% para perguntar sobre algum tópico específico e 12% para jogos) e adiantou que mais de 60% usa filtros nas fotos e vídeos e mais de 40% recorre a jogos educacionais com aquela tecnologia.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Referiu ainda que a tendência crescente do uso da Inteligência Artificial se tem vindo a verificar nos últimos anos e que já está muito consolidada nalguns aspetos. O formador aludiu às “vantagens, desvantagens, desafios e perigos” daquelas ferramentas digitais para a catequese e exemplificou dinâmicas que podem ser preparadas a partir de ferramentas digitais como o Menti, o Kahoot, o Quizizz, o Wordwall, o Flippity, o Crossword Labs, o ClassTools, o AppSorteos, o Powtoon, o Canva, o ChatGPT, o Bard, o NightCafé, o Runway ou do uso de aplicações como o iBreviary, a Bíblia Sagrada, a Liturgia das Horas ou a Anima.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Entre as “vantagens” do uso das ferramentas digitais enumerou o “acesso facilitado ao conteúdo em qualquer lugar a qualquer momento”, a “atração para os adolescentes”, a criação de “catequese mais atrativa”, o uso de “recursos interativos”, a “aprendizagem dinâmica”, a “facilidade de comunicação no grupo e com os pais”, o facto de “ser o «mundo» dos adolescentes”, a “flexibilidade de horário e local”, contribuir para a “globalização da catequese e maior partilha de recursos” e a “utilização de vídeo, áudio e imagem poder facilitar a transmissão de conteúdo”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Entre as “desvantagens” alertou que pode ser “mais do mesmo”. “Se já estou agarrado ao telemóvel todo o dia e chego à catequese e a catequista manda fazer qualquer coisa no telemóvel, é mais do mesmo”, advertiu, exortando a não perder oportunidades de “fazer coisas um bocadinho diferentes”.

Por outro lado, alertou para “ter cuidado com a fidelidade” do conteúdo que aparece online. “Nem tudo é verdadeiro, nem tudo é o certo”, advertiu, lembrando caber aos catequistas saber destrinçar. A “segurança ‘online’”, o perigo da perda da experiência presencial e a distração com o uso dos telemóveis foram outros dos aspetos que configuram como desvantagens.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Na formação, que considerou “muito oportuna”, D. Manuel Quintas disse que a Inteligência Artificial é uma “inspiração, mas nunca dispensa o esforço”.