No contexto da celebração do Dia do Seminário da Diocese do Algarve, que ocorreu ontem, realizou-se uma assembleia do clero com o objetivo de esclarecer bispo, padres e diáconos sobre o novo itinerário para a catequese em Portugal.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A sessão de esclarecimento, que teve lugar no próprio Seminário de São José de Faro, foi apresentada pelo diretor do Secretariado Diocesano da Catequese.

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O padre Pedro Manuel, que relembrou o historial do percurso catequético em Portugal, explicou que esta mais recente renovação resulta, em primeiro lugar, do ‘Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias’, aprovado pelos bispos de Portugal em abril de 2022 e entregue em outubro daquele ano aos participantes na Jornadas Nacionais de Catequistas em Fátima e, em segundo, da “interpelação” do Papa na visita ad limina realizada em 2015 em que Francisco manifestou a sua preocupação com a “debandada da juventude” na Igreja.

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“Por causa da visita, dois anos depois, após o período sinodal de auscultação das dioceses, a Conferência Episcopal Portuguesa lança a carta «Catequese: A alegria do encontro com Jesus Cristo»”, sustentou, lembrando que surgiu depois, em 2020, o novo Diretório para a Catequese editado pelo Vaticano.

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O sacerdote explicou ser este documento que “dá sentido e orientação” ao novo itinerário catequético e também ter sido a partir dele que nasceu a formação ‘Ser Catequista’ que veio substituir o ‘curso de iniciação catequética’ em vigor há cerca de 25 anos. “Toda a formação de catequistas está feita a pensar no novo itinerário”, realçou.

O padre Pedro Manuel deixou então claro que, “mais do que um programa de catequese, o que se prevê é um itinerário” que tem como “grande desafio” a “iniciação à vida cristã”, ou seja, levar os catequizandos “ao encontro com Jesus Cristo”. “A catequese está orientada para formar pessoas que conheçam, cada vez melhor, Jesus Cristo e o seu evangelho de salvação libertadora, que vivam um encontro profundo com ele e que escolham o seu estilo de vida e os seus próprios sentimentos”, reforçou, lembrando que “a realidade dos destinatários, sociologicamente, também se alterou”.

Aquele responsável explicou que se sentiu “a necessidade não só de uma renovação dos materiais catequéticos, mas de uma nova visão sobre o processo de evangelização e da missão da própria catequese, centrada no querigma e acentuadamente mistagógica e missionária”. O padre Pedro Manuel esclareceu tratar-se de um “novo modelo de catequese”, que passa do “escolar ao de inspiração catecumenal”, ou seja, que garante “não apenas conhecimentos cerebrais, mas o encontro pessoal com Jesus Cristo”, e com “um novo paradigma”: “evangelizador e centrado no primeiro anúncio”.

Relativamente à dimensão querigmática, explicou que “acentua o mistério de Cristo crucificado e ressuscitado que revela o amor salvífico de Deus”. “A catequese é querigmática porque prevê o encontro e o anúncio de Cristo crucificado e ressuscitado”, completou.

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Em relação à dimensão mistagógica, explicou ser uma “experiência de formação progressiva e dinâmica rica em sinais e linguagens, que favorece uma integração de todas as dimensões da pessoa com caraterística vivencial e experiencial”. “Insere o crente na experiência do viver da comunidade cristã, verdadeiro lugar da vida da fé”, sintetizou.

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Por outro lado, acrescentou que outra dimensão nova deste itinerário é a familiar, constituindo um “caminho de iniciação cristã dirigido não só às crianças, mas também as famílias”. “A iniciação cristã dos filhos constitui uma oportunidade para a realização de um percurso de que envolve toda a família”, evidenciou.

O diretor do Secretariado Diocesano da Catequese explicou ainda que no novo itinerário a administração dos sacramentos é inserida “dentro de um movimento de escuta, caminho, identificação/adesão e desligada da idade, das expetativas e da lógica do «sempre foi assim»”.

Consciente de que o novo modelo “não resolverá os problemas de evangelização” de paróquias e dioceses, mas procura “dar uma nova roupagem, mais fresca”, à proposta do “Evangelho de sempre”, o sacerdote garantiu que “um esquema de catequese como este, tão completo e prolongado, não existe na Europa”.

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Por fim, o padre Pedro Manuel apresentou o que está previsto no esquema do percurso 3 do tempo do ‘Aprofundamento mistagógico’, um dos quatro tempos, destinado a catequizandos entre os 10 e os 14 anos, que já tem novo guia do catequista e do novo livro do catequizando, os primeiros do projeto a serem editados. “Na melhor das hipóteses, no final do ano pastoral 2024/2025 é que teremos a maior parte da coleção feita”, referiu relativamente à edição dos restantes manuais.

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